
Embora esteja em alta nas redes sociais, o pilates não é uma novidade. Desenvolvida há mais de um século, a modalidade ganha fôlego entre diferentes públicos por combinar fortalecimento, controle corporal e bem-estar. Versátil, a prática pode ser adaptada a diversos perfis e oferece benefícios que vão além da estética.
Criada pelo alemão Joseph Pilates no início do século 20, a modalidade surgiu como um método de condicionamento físico. A popularização veio nas décadas seguintes, especialmente nos Estados Unidos, e mais tarde se espalhou por academias e estúdios ao redor do mundo. O inventor do método morreu na década de 1960.
— Em meados de 1990, foi a primeira vez que eu ouvi falar que existia algo chamado método pilates por aqui. Na época, os materiais eram todos importados, caríssimos. A formação também era muito cara. Com o ar dos anos, assim como tudo que começa a fazer muito sucesso, algumas pessoas começaram a fazer especializações e a oferecer cursos que ficaram mais em conta do que o original — relata Patrícia Cilene Freitas Sant'Anna, professora do curso de Fisioterapia da Unisinos.
Nas redes sociais, a modalidade ganhou força nos últimos meses. Influenciadores compartilham vídeos de exercícios desafiadores e falam sobre os benefícios da prática. A estética dos estúdios, aliada à ideia de autocuidado, ajuda a tornar o conteúdo visualmente atrativo. Em pouco tempo, o pilates virou uma tendência de estilo de vida que interessa diferentes públicos.
Quais os benefícios do pilates?
Estudos comprovam que o pilates melhora a flexibilidade, fortalece a musculatura, corrige a postura e pode ajudar a aliviar dores crônicas. A prática também contribui para o equilíbrio, a consciência corporal e a redução do estresse, sendo indicada tanto para reabilitação de lesões, condicionamento físico e outros fins.

— É muito completo. As pessoas conseguem trabalhar, numa aula de pilates, a flexibilidade, a mobilidade, o ganho de força e a qualidade de vida para o seu envelhecimento. A pessoa percebe que se ele continuar fazendo aquele exercício ali, ela vai conseguir calçar o próprio sapato até ter 100 anos, vai conseguir sentar e levantar sem a ajuda de ninguém — avalia Paula Pascual, instrutora de pilates em Porto Alegre.
Além disso, a especialista garante que a modalidade pode contribuir positivamente com o desempenho em outras atividades físicas, como a musculação, a corrida, a natação, entre outras.
Como funciona uma aula de pilates?
Universal reformer, cadillac, barril e cadeira são alguns dos termos conhecidos por quem pratica uma das versões da modalidade. O pilates com aparelhos permite que o aluno realize movimentos controlados com a resistência de molas ajustáveis. A aula segue uma sequência que combina exercícios de empurrar, puxar e sustentar o corpo em diferentes posições.
— O universal reformer é o aparelho mais completo que Joseph Pilates criou. Nele é possível reproduzir movimentos de nadar, correr, remar, cavalgar. Então a gente consegue reproduzir muitos movimentos esportivos em cima de um único aparelho. Tudo com resistência de mola — acrescenta Paula.
Em outra modalidade, o mat pilates ou pilates solo, os exercícios são feitos no chão, com o corpo como principal resistência. A prática pode ser enriquecida com órios como bolas, faixas elásticas e círculos. A aula também conta com sequências de movimentos, que podem ser realizados com o aluno deitado, sentado ou em pé.
— Têm pessoas que acham que o mat pilates é mais fácil do que o pilates com equipamento. Mas eu digo que é mais difícil, porque é o peso do próprio corpo — defende Patrícia, da Unisinos.
Quem pode fazer pilates?
Segundo as especialistas, o pilates pode ser praticado por pessoas de qualquer idade ou com qualquer nível de condicionamento físico, desde iniciantes até atletas. Patrícia reforça que é ideal que os profissionais de saúde responsáveis por ensinar a prática façam uma avaliação com cada aluno antes do início das aulas.
A partir disso, é possível entender a realidade de cada praticante e adaptar os exercícios. Para Paula, o pilates permite a alteração dos níveis de dificuldade para encaixar em diferentes realidades.
— A gente consegue adaptar ou modificar todo e qualquer exercício para todo e qualquer tipo de cliente. Todas as pessoas podem ser beneficiadas igualmente. Por exemplo, se eu recebo uma cliente que tem uma osteoporose muito grave, vou evitar alguns exercícios de torção de coluna ou vou diminuir um pouco o número de molas em determinado exercício que pode ser demais — elucida a profissional.
Pilates emagrece?
Embora haja quem acredite que o pilates emagrece, o método não tem como foco principal a queima calórica, uma vez que não é considerado aeróbico. Ele atua no fortalecimento muscular, no equilíbrio e na consciência corporal, o que pode complementar outras práticas voltadas ao emagrecimento.
— Para emagrecer, a pessoa tem que fazer um controle alimentar. Eu desconheço um estudo bom que comprove que o Pilates emagrece. Mas ele vai te ajudar a ter um corpo mais delineado, com certeza, vai te ajudar a ter mais força — complementa a professora da Unisinos.