Especificamente para o Brasil, os destaques incluem personal training, atividades ao ar livre, exercícios para perda de peso, treino de força tradicional e calistenia, entre outros (veja a lista completa mais adiante).
A grande questão é a integração entre tecnologia e exercício, que deve aumentar cada vez mais, avalia Anderson Donelli, cardiologista do esporte e exercício do Hospital Moinhos de Vento (HMV), em Porto Alegre.
O uso de tecnologias vestíveis, como relógios e anéis, está cada vez mais popular e permite acompanhar informações como gasto calórico, quantidade de exercício, frequência cardíaca e zonas de treinamento.
Em meio à abundância de dados, as pessoas querem ter cada vez mais métricas, e há uma tendência a se guiar muito por elas e adotar estratégias, segundo o médico.
— Isso acaba sendo motivo de estímulo para as pessoas se exercitarem cada vez mais e uma maneira de ter algum sobre a intensidade de treinamento. Mas também é motivo de procura ao consultório porque muitas vezes as pessoas deparam com o relógio batendo em 220 de frequência cardíaca, por exemplo — ressalta Donelli.
O HIIT também manteve sua popularidade devido à premissa de alta eficácia em um curto espaço de tempo, tornando-se atraente para pessoas com rotina intensa.
Em geral, há uma crescente tendência para a medicina do estilo de vida, com foco em exercício, boa alimentação e sono adequado para melhorar a qualidade de vida e a longevidade, acrescenta o cardiologista.
O presidente do Conselho Regional de Educação Física da 2º Região — RS (CREF/2), Alessandro Gamboa, avalia como destaques entre as tendências musculação, treinamento funcional, treinamento para a terceira idade (com idosos percebendo que os exercícios garantem autonomia), academia em casa ou condomínio (devido à comodidade e privacidade) e personal training. O educador físico acrescenta ainda, no contexto regional, o crossfit.
— Uma tendência que sempre esteve em alta e cada vez mais tem sua importância comprovada é a musculação. Até se pode fazer outra atividade de que se gosta, mas em paralelo tem de ter musculação, principalmente em se falando de saúde — ressalta.
A corrida também continua em alta, avaliam os profissionais. Em Porto Alegre, há um boom dos grupos e assessorias de corrida, com planilhas e metas a serem batidas. As pessoas estão buscando mais orientações personalizadas e que se adequem à sua rotina e necessidade do que receitas gerais, na visão de Donelli.
Alguns comportamentos ganham destaque nas redes sociais e se consolidam como tendências mais famosas.
A mais comum, na avaliação de Donelli, cardiologista do esporte e exercício do HMV, é justamente o uso de aplicativos para o acompanhamento de treinos, como o Strava, utilizado para bater recordes pessoais e compartilhar os resultados.
Há uma grande busca por recursos online para treinamento, como personal training e videoaulas, sejam gravadas ou ao vivo.
— É mais fácil de adequar à nossa rotina, que é muito corrida, ou porque alguém quer se exercitar em casa mesmo — justifica Donelli.
Gamboa aponta que a modalidade mais prescrita na internet e que pode ser adotada é o treinamento funcional, por não necessitar de muitos equipamentos.
O presidente do CREF/2 alerta, entretanto, que é preciso estar atento às redes sociais, devido à atuação ilegal de pessoas que não são profissionais de educação física. A orientação é que os interessados verifiquem no site do Conselho Regional de Educação Física se a pessoa é realmente um profissional habilitado e registrado.
Há muita pseudociência envolvida na área do exercício e estilo de vida, alerta Donelli. O médico recomenda checar informações, avaliando a fonte, a procedência e se a pessoa tem uma carreira sólida na área e realmente detém conhecimento sobre o assunto.
Além disso, ao adotar uma nova tecnologia, é importante ter a consciência de que ela pode ser propensa a falhas.
É fundamental buscar um profissional de educação física habilitado, salienta Gamboa, para evitar riscos de lesões, problemas sérios ou mesmo risco de vida. Além disso, deve haver progressão de cargas e treino, conforme a individualidade de cada um.
O presidente do CREF/2 alerta também para os perigos do treinamento pré-pronto, feito "para todos". É incentivado que as pessoas realizem exercícios; porém, com supervisão e prescrição de um treinamento específico para elas.
— Não é aquilo que a pessoa entra e já quer virar atleta em um mês, já quer emagrecer 10 quilos. Não funciona assim. Tem de ser com paciência e respeitando a capacidade individual de cada um — ressalta Gamboa.
Os especialistas pontuam que nenhuma atividade é "proibida", desde que bem feita e bem supervisionada. A calistenia, por exemplo, é um bom exercício porque utiliza o peso do corpo, mas nem todos conseguem realizar todos os exercícios, devido à necessidade de força — daí a importância da progressão.
Anderson Donelli, do HMV, ressalva que deve haver cuidado em relação ao HIIT quando este é adotado por pessoas de mais idade com algum problema de saúde ou fator de risco para doença cardiovascular. Sempre que elas forem se engajar em uma atividade de moderada a alta intensidade, devem realizar uma avaliação médica de antemão. Em outros casos, a medida é recomendada, porém, não obrigatória.
Propagandas de exercícios e aparelhos que prometem milagres são mentiras, salientam os especialistas. Não existe mágica: o emagrecimento é resultado do balanço negativo entre gasto calórico e ingestão alimentar e não ocorrerá se isso não for feito — muito menos em 10 minutos diários por um curto período, o que não traz benefícios à saúde, podendo, pelo contrário, resultar em malefícios.
Confira as 20 tendências fitness para o Brasil em 2025, segundo a ACSM:
(Exercício físico) Tem de ser com paciência e respeitando a capacidade individual de cada um
ALESSANDRO GAMBOA
Presidente do Conselho Regional de Educação Física da 2º Região — RS (CREF/2)
Os hábitos alimentares também costumam variar, com novas tendências se espalhando pelas redes sociais e contagiando cada vez mais pessoas.
Para 2025, algumas tendências alimentares estão em alta, segundo Victoria Prates, nutricionista especializada em comportamento alimentar e nutrição clínica e estética:
Essas tendências podem ser adaptadas de maneira individual, respeitando a rotina, a cultura alimentar e as preferências de cada um, frisa a nutricionista. Pequenas mudanças já são capazes de promover resultados; por outro lado, mudanças radicais, muitas vezes, não são sustentáveis.
— A maior tendência sempre será basear a alimentação em "comida de verdade", buscando incluir mais nutrientes do que promovendo exclusões. Incluir mais frutas, verduras, alimentos integrais, buscando diversidade de nutrientes por meio de uma alimentação diversificada — observa.
Victoria recomenda evitar dietas da moda, que costumam ser extremistas e promover a exclusão de grupos alimentares importantes. Restrições nem sempre são a melhor alternativa para uma nutrição gentil e com resultados sustentáveis, alerta.
Além disso, deve haver cuidado com estratégias observadas nas redes, já que não são válidas para todos. É importante checar a confiabilidade das informações e evitar conteúdos que promovam restrições severas ou prometam milagres.
Desafios como "30 dias sem açúcar" podem ser gatilhos para uma alimentação desbalanceada no futuro.
Uma alimentação saudável deve promover saúde e prazer, salienta Victoria. É importante avaliar as necessidades individuais e, sempre que possível, buscar o auxílio de um nutricionista. Um planejamento alimentar busca a adequação de nutrientes de acordo com a demanda de cada paciente, considerando hábitos e preferências alimentares, além de aspectos como rotina e cultura.