
Neste domingo (18), Campos Borges, no norte do Estado, vai sediar uma comemoração em dose tripla. Há 84 anos nasciam os trigêmeos Ozir, Terezinha e Edit Orling de Oliveira na casa em que a família morava no interior de Espumoso.
A programação da celebração inicia às 8h30min com uma Missa de Ação de Graças na Matriz São Sebastião, onde um feito histórico será registrado pela família: o trio receberá o título de Trigêmeos Mais Velhos Vivos do Rio Grande do Sul.
A pesquisa foi realizada pela família e iniciou há cerca de oito anos, mas deu uma pausa durante a pandemia. A "operação formiguinha", como descreve a nora de Ozir, Ana Oliveira, consistiu em buscar de forma online e em mais de 7 mil cartórios de todo o país se, de fato, os trigêmeos são os mais velhos vivos do RS.
Agora, a missão é registrar os irmãos como os trigêmeos mais velhos vivos a nível nacional. A nova etapa teve início ainda em 2022, após publicação de uma coluna em GZH sobre a comemoração de 81 anos dos irmãos.
— Começaram a nos procurar e questionar se eles eram os trigêmeos mais velhos do Brasil. Iniciamos um processo para registrar o recorde, mas era um valor muito alto para a família (mais de R$ 11 mil) e acabamos não seguindo mais com o assunto. Recebemos o contato do pessoal do Google, pedindo se eles ainda eram vivos. Eles constataram que eles são os mais velhos do Brasil. Nos pediram algumas informações e também imagens do aniversário deles neste domingo (18) para registrarmos o recorde — explica a nora.

Mais de 100 familiares devem participar do almoço de comemoração após a missa. Filhos de Felomena Orling de Oliveira e João Fagundes de Oliveira, os três foram os últimos bebês a nascer em uma longa fila de 14 irmãos.
— Ela (Felomena) contava que estava grávida de uma criança, mas não sabia que eram três. Naquele tempo era muito difícil de comprar as coisas. Ele tinha só duas mudinhas de roupa para uma criança e no final vieram três. Os vizinhos colaboraram com roupas e leite. Era muito triste, às vezes, a história que ela contava, mas ela nos amava e nos queria — conta uma das gêmeas, Edit.
84 anos de história
Nascidos em 1941, Ozir, Terezinha e Edit atravessaram décadas de muito carinho, companheirismo e histórias compartilhadas.
Cada um seguiu o seu caminho e formou uma nova família. Ozir se casou com Olga Margarida Koeppe, teve cinco filhos e foi agricultor durante uma vida inteira. Terezinha casou-se com Xisto Cavalheiro Bullé e deu à luz cinco crianças.
Já Edit, firmou o matrimônio com Joval Cavalheiro Bullé, irmão de Xisto, que acabou morrendo três anos depois, após ser atingido por um raio. Edit casou-se novamente, desta vez com Lamberto Steinhoefel, teve três filhos e formou-se como enfermeira pelas irmãs da Rede Notre Dame.
Entre as lembranças que o trio guarda na memória e no coração está a compra de um lote de bezerros por parte do pai João, para poder alimentá-los.
— A mãe não tinha leite para nós três e falaram que leite de cabrita era muito bom. O pai conhecia um fazendeiro que tinha um lote de cabrita e foi lá para comprar uma. O fazendeiro disse que não vendia só uma, que ele teria que comprar todas. Meu pai não tinha dinheiro para comprar tudo. Arrumou com os vizinhos e amigos e comprou o lote de cabrita. Era tudo ou nada — conta Ozir.

Desde a infância, os três irmãos sempre foram, acima de tudo, muito amigos. Durante a juventude, as irmãs chegaram a ser confundidas várias vezes.
— Eu tinha um lunar no peito que me identificava. A Tere era um pouco maior que eu e muito arteira também. A nossa vida foi muito linda, dos três gêmeos, a gente sempre se deu muito bem. Quando éramos crianças sempre brincávamos juntos. Às vezes a gente se dava uma retrucada, mas depois voltava tudo ao normal — conta Edit.
Para Ozir, o segredo para chegar aos 84 anos é simples: fé em Deus.
— É uma coisa inédita, ficarmos nós três como trigêmeos. Desde pequeno sempre trabalhamos e demos conta de tudo — disse.
— Não sinto que tenho 84 anos. Sinto que tenho menos — afirma Edit.