
Os dados mais recentes da balança comercial de Caxias do Sul, indicador sobre negócios internacionais, referentes ao primeiro trimestre do ano, demonstram que as empresas locais tiveram um bom desempenho nas exportações para a Argentina. Os números foram apresentados neste mês no desempenho da economia caxiense. Enquanto no ano ado o índice chegou a 15%, no começo de 2025 a fatia já está em 23%. Assim como Estados Unidos e Chile, o território argentino continua como um dos principais destinos da indústria local.
O economista Tarciano Cardoso, da Diretoria de Planejamento, Economia e Estatística da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias, analisa que uma série de fatores, envolvendo também EUA e Chile, auxiliaram para esta alta.
Ao mesmo tempo em que a economia chilena está em momento de crise e a norte-americana a por mudanças tarifárias impostas pelo presidente Donald Trump, o governo argentino reposicionou-se no mercado internacional, percebe Cardoso:
— Desde o ano ado, a Argentina teve uma supersafra de grãos. Ela conseguiu gerar divisas internas que ela estava bloqueada para comprar de outros países. Fez todo um ajuste de contas públicas. Tem feito bons acordos internacionais, que fizeram o país voltar para o mercado internacional. Isso foi um efeito doméstico da Argentina, de posicionamento de mercado e de estruturação de suas políticas públicas, que deu a ela essa possibilidade de voltar ao mercado.
As tabelas abaixo demonstram qual é a fatia de cada país nas exportações e importações do mercado caxiense. Ou seja, os gráficos não tratam sobre crescimento ou redução, mas sim quanto cada país representa dentro dos negócios caxienses.
Futuro mostrará consequências da guerra das tarifas
Desde quando Donald Trump foi empossado novamente como presidente dos EUA, no fim de janeiro, o norte-americano ou a anunciar tarifas para a importação de produtos de diversos países, inclusive dos brasileiros. As duas medidas são a tarifa recíproca de 10% sobre os produtos exportados para os Estados Unidos e a tarifa de 25% sobre o aço e alumínio, em vigor desde março.
Como são medidas recentes, Cardoso avalia que como muitos acordos são costurados entre grandes blocos econômicos. Com isso, ainda não há como ter uma exatidão dos efeitos dessa política de Trump. O que pode ser visto é uma instabilidade momentânea.
— Então, obviamente, pelo menos essa incerteza, insegurança, gera uma certa instabilidade momentânea e isso se reflete por vezes nessas oscilações que percebemos no câmbio principalmente. Essa variável é muito sensível quando tem esse tipo de efeito — explica o especialista.

Crescimento nas exportações para Argentina
Uma das empresas caxienses que registraram um aumento de exportações para a Argentina foi a Frasle Mobility. Hemerson de Souza, diretor executivo de Negócios, M&A e Relações com Investidores da empresa, calcula que as entregas no país vizinho representaram cerca de 12% do total da empresa no ano ado e 10% no primeiro trimestre de 2025. É um crescimento em relação a 2023, quando as exportações ao território argentino representaram 5% do total da Frasle.
— Houve aumento das exportações para a Argentina no início de 2025, refletindo a reabertura do mercado ocorrida a partir de 2024. A Frasle Mobility tem trabalhado na recomposição dos seus estoques no país, e também em novos lançamentos. O mercado agora começa a refletir a real curva de demanda, após alguns anos de instabilidade e fechamento do mercado para importações. A empresa atua no mercado argentino desde 1980, onde possui uma planta produtiva, que produz líquidos de freio, arrefecimento e correção e um dos mais importantes centros de distribuição do país quando o tema é autopeças, pelo qual abastecemos o mercado com diversos produtos do portfólio — detalha Souza.
Entre os produtos comercializados no mercado argentino estão itens como pastilhas e lonas de freio, discos de freio e itens de direção e conforto, como amortecedores e molas.