Há um vídeo circulando nas redes sociais que mostra uma cena vista com certa frequência por aí. Uma jovem mãe carrega num braço um bebê de uns nove meses, enquanto com o outro segura uma mochila pesada, daquelas com fraldas, lencinhos, pomadas, roupinhas, paninhos, mamadeira e brinquedos. Ao lado dela, um rapaz (provavelmente o pai da criança) caminha distraidamente com as mãos no bolsos irando o ambiente – um parque aquático. Nesse momento, um mímico – daqueles que entretêm o público no intervalo entre uma atração e outra – se aproxima do casal. O mímico pega a mochila dos ombros da mãe e a entrega para o pai da criança como se dissesse: “Te toca, cara! Ajuda a moça!”. Em seguida, ouvem-se aplausos vindos da plateia.
Essa cena é tão emblemática porque resume perfeitamente como é a experiência de ser mãe para muitas mulheres: acostumadas a não receber ajuda, acabam sempre dando conta de tudo sozinhas e carregando o peso e a responsabilidade da maternidade nas costas sem receber apoio algum. Muitas nem mais se dão conta de que estão sobrecarregadas e apenas seguem se desdobrando para cumprir seu papel e cuidar bem de seus filhos. Não há qualquer tipo de e significativo por parte de outros adultos e muito menos por parte do Estado. E isso é uma das grandes tragédias do nosso tempo: mães sem o a uma rede de apoio.
Há quanto tempo lemos na imprensa que faltam vagas nas creches municipais ou que faltam escolas de turno integral? Em pleno século 21, se uma mulher quiser ter filhos e continuar trabalhando fora – geralmente por necessidade, para garantir o sustento da família –, precisa contar com a bondade de algum parente ou vizinho ou recorrer a escolas de educação infantil da rede particular (e, na falta de recursos para isso, acabam se rendendo a creches clandestinas sem qualquer garantia de que seu filho será bem cuidado).
Fico pensando no coração apertado de uma mãezinha que tem que acordar seu filho pequeno bem cedo, pegar transporte público lotado, ficar longe dele o dia inteiro torcendo para que esteja bem. Que bênção quando a creche é boa e as professoras e monitoras são amorosas, dedicadas, ótimas profissionais! Mas que dor imensa quando se tem que deixar um filho num local nem sempre adequado para o desenvolvimento e o bem-estar da criança!
A sociedade em geral age como aquele pai caminhando distraído que nem se dá conta do quanto as mães andam sobrecarregadas fazendo o melhor que podem e quase sempre sem uma rede de apoio adequada. Feliz de quem pode contar com um marido presente e atencioso, ou com avós amorosos e participativos, ou ainda com amigos e vizinhos que estão sempre dispostos a contribuir. Como diz o belo ditado africano, “é necessária uma vila para educar uma criança”. Feliz Dias das Mães à vila inteira que se une numa rede maternal para cuidar dos nossos pequenos e também de suas mães.