Ferrari apreendida pela Operação Capa Dura já havia sido recolhida pela Polícia Civil em outra ação
Ferrari apreendida pela Operação Capa Dura já havia sido recolhida pela Polícia Civil em outra ação
  • Paulo Germano: Secretaria de Educação é a nova vergonha de Porto Alegre

    Paulo Germano: Secretaria de Educação é a nova vergonha de Porto Alegre
  • A relação de Jailson com Sônia já existia desde a época em que ela comandou a Educação em Canoas e fez compras oferecidas pelo representante comercial. Seis dias depois de assumir a Smed na Capital, Sônia recebeu Jailson para reunião em seu gabinete. 

    Das 11 aquisições feitas por adesão à ata de registro de preço em 2022 pela Smed da Capital, seis tiveram a participação de Jailson: elas somaram R$ 43,2 milhões pagos pela prefeitura por cerca de 500 mil livros e por 104 laboratórios de matemática e ciências.

    Na apuração sobre a aquisição do apartamento, o vendedor do apartamento e o corretor de imóveis prestaram depoimento à polícia. Conforme o contrato de promessa de compra e venda, os pagamentos foram previstos da seguinte forma: R$ 80 mil no ato da do contrato, R$ 450 mil em financiamento pela Caixa Econômica Federal e R$ 220 mil em espécie na data da do financiamento.

    A parcela inicial, de R$ 80 mil, foi paga em 5 de maio, dividida para três destinatários, conforme previsto no contrato de compra e venda. O vendedor recebeu uma transferência de R$ 50 mil feita pela empresa MAC Construtora e Incorporadora. Na mesma data, o corretor de imóveis recebeu como comissão R$ 22,5 mil, também via pix feito pela empresa MAC. A terceira parte foi paga à imobiliária: R$ 7,5 mil.

    Ainda conforme descrito pelo vendedor em depoimento, ele recebeu os demais valores em parcelas:

    Reprodução / Reprodução
    Comprovante de um dos pagamentos feito pela empresa MAC Construtora e Incorporadora

    Ainda faltava uma parcela de R$ 80 mil, que teria tido atraso. Em meados de julho de 2022, o vendedor recebeu, do corretor de imóveis, o ree de um cheque de R$ 82 mil. O documento era de uma conta pertencente a Rocha, dono da MAC. Não foi pago pelo banco por falta de fundos. O vendedor diz ter devolvido o cheque ao corretor.

    Em 15 de julho de 2022, R$ 87 mil (a parcela de R$ 80 mil mais R$ 7 mil de juros) foram transferidos para o vendedor pelo advogado Paulo de Tarso, conforme comprovante bancário que consta na investigação. 

    No mesmo dia, segundo o inquérito, Jailson, por intermédio de uma de suas empresas, a JBG3 Tecnologia da Informação e Serviços, teria transferido R$ 88 mil para o advogado. Para os investigadores, essa transação evidenciaria a relação entre o pagamento feito por Paulo de Tarso ao vendedor do apartamento e a participação de Jailson na operação financeira para concretizar a compra do imóvel.

    Segundo a investigação, a suposta propina de R$ 300 mil reada à Sônia teria sido providenciada por Jailson e paga por intermédio da MAC e do advogado Paulo de Tarso.

    Rocha, sócio da MAC Construtora e Incorporadorada, teve uma Ferrari, um Bentley e um Hummer apreendidos na segunda fase da Capa Dura. Ele também já foi alvo de outras investigações das polícias Civil e Federal por crimes como lavagem de dinheiro. O advogado Paulo de Tarso acompanhou o depoimento de Jailson à polícia em janeiro, na condição de amigo, quando o empresário foi preso na primeira etapa da Capa Dura.

    As investigações da Polícia Civil começaram a partir de uma série de reportagens do GDI, de junho do ano ado, que mostrava que materiais didáticos, computadores e itens esportivos comprados pela Smed estavam depositados sem uso em condições precárias, ou seja, não haviam sido distribuídos para os alunos. Depois, o GDI revelou indícios de que os processos de compra poderiam ter sido direcionados a determinados fornecedores. 

    Apuração interna da prefeitura confirmou os problemas. Os inquéritos das 1ª e 2ª Delegacias de Combate à Corrupção também reúnem elementos de direcionamento e suspeitas de que agentes podem ter recebido contrapartida em valores. 


    Contrapontos

    O que diz João Pedro Petek, advogado de Sônia da Rosa:
    Nos manifestaremos apenas nos autos.

    O que diz Nereu Giacomolli, que defende Jailson Ferreira da Silva:
    Só vai se manifestar no processo.

    O que diz José Henrique Salim Schmidt, advogado de Paulo de Tarso Dalla Costa:
    Informa que já solicitou o depoimento de seu assistido, perante a autoridade policial, para a elucidação dos fatos. 

    Reafirma que ele não tinha ciência que o depósito realizado tivesse ligação com eventual fato ilícito.

    O que diz Adriano Bernardes, que defende Marco Antônio Freitas Rocha:

    O investigado Marco Rocha não conhece e nunca teve qualquer relação pessoal ou profissional com a então secretária de Educação Sônia da Rosa ou com o corretor de imóveis ou com o vendedor. Certamente nenhuma dessas pessoas conhece a pessoa física de Marco Rocha ou de suas pessoas jurídicas. O cheque que faz a referência a notícia jornalística compensou diretamente na conta corrente de Marco Rocha. Os outros dois pagamentos referem-se a transferências devidamente registradas na contabilidade da empresa. Todas as operações são lícitas. Afirma ainda que jamais participou ou teve proveito de qualquer procedimento licitatório com a Smed. Por fim, refere que demais esclarecimentos poderão ser dados após ser ouvido pela autoridade policial e que, apesar de se colocar à disposição da Polícia Civil, ainda não foi chamado.

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