A reportagem tenta contato com os investigados. O espaço está aberto para a manifestação.
A prefeitura de Porto Alegre se manifestou em nota do Gabinete de Comunicação Social: "Em relação à operação policial desencadeada na manhã desta sexta-feira, 5, a Prefeitura de Porto Alegre reitera que, por determinação do prefeito Sebastião Melo, apurou os fatos decorrentes de denúncias relacionadas à Secretaria Municipal de Educação ainda em 2023. Todas as informações provenientes da auditoria especial e da Investigação Preliminar Sumária (IPS) foram submetidas à Polícia Civil e a órgãos de controle. A istração municipal adotou medidas de reestruturação na pasta, como força-tarefa para distribuição de equipamentos e materiais pedagógicos e criação de um novo centro logístico, além de atos istrativos no âmbito de contratos e licitações. Cabe reforçar, por fim, que a gestão prima pela transparência e lisura na aplicação dos recursos públicos e tem o absoluto interesse na elucidação dos fatos, mantendo em plena colaboração com as instituições."
O que diz João Pedro Petek, que defende a ex-secretária Sônia da Rosa:
Só vamos nos manifestar nos autos.
O que diz a Ambiética Assessoria Ambiental: "A empresa vem a público esclarecer que sempre pautou suas atividades pela legalidade e ética, seguindo rigorosamente todas as diretrizes estabelecidas pelos órgãos competentes. Embora a investigação esteja sob segredo de justiça e não tenhamos tido o completo ao teor do processo, reiteramos nossa total disposição em colaborar com as autoridades para que todos os fatos sejam esclarecidos de maneira justa e transparente. Destacamos que todos os estudos, relatórios, atas, oficinas e acompanhamentos foram realizados, finalizados, entregues e aprovados pela respectiva SMED e seu quadro técnico, seguindo os cronogramas e cláusulas fixados no contrato firmado. Reafirmamos nosso compromisso com a verdade e com nossos clientes, parceiros e a sociedade em geral."
O que diz Marcelo Marcante, advogado de Lia Wilges:
"Ela sempre atuou primando pela ética e pela legalidade no exercício da função pública e irá comprovar a sua inocência. Assumiu as funções no gabinete do Prefeito em junho de 2022 pois, além de servidora pública de carreira desde 2009, possuía as capacidades técnicas para coordenar o Plano de Logística Sustentável (PLS), eis que é bióloga, possui mestrado em educação em ciências pela PUCRS e é doutoranda em Sustentabilidade Social e Desenvolvimento pela Universidade Aberta de Portugal."
O que diz Marcelo Marcante, advogado de João Eduardo Reymunde: "Nunca teve qualquer vínculo contratual ou foi representante da empresa Mindlab do Brasil Comércio de Livros, sendo infundadas as suspeitas. Na época em que se sucedeu o processo de contratação feito pela Prefeitura, estava licenciado de suas funções na Secretaria Municipal da Saúde, pois residia na Espanha, onde cursava Doutorado em Segurança Humana e Direitos Globais na Universidade Autônoma de Barcelona."
Confira detalhes das compras sob investigação
Inca Tecnologia de Produtos e Serviços Eireli e Sudu Inteligência Educacional
O que foi comprado: cerca de 500 mil livros de reforço, extracurriculares e literários
Valor: R$ 27,9 milhões da Inca e R$ 8,6 milhões da Sudu
Método de contratação: Adesão à ata de registro de preço
Contexto: as duas empresas teriam relações, representadas em Porto Alegre pelo empresário Jailson Ferreira da Silva. As publicações ficaram por meses sem uso em galpões precários
Suspeita: está sob investigação a possibilidade de a ex-titular da Smed Sônia da Rosa ter recebido vantagem pessoal (corrupção) dessas empresas pelas compras
Conceitto Comercial de Equipamentos e Suprimentos de Informática
O que foi comprado: 942 kits de robótica
Valor: R$ 2,3 milhões
Método de contratação: inexigibilidade
Contexto: kit de robótica da Conceitto teria concorrentes no mercado, sob custo mais baixo. A única proprietária da empresa à época da compra era Verônica Almuas, alvo de mandado de busca. O depoimento dela na I chamou atenção pelo desconhecimento sobre o kit
Suspeita: apreensões da primeira fase da Operação Capa Dura indicam que a negociação entre a Conceitto e a Smed foi combinada previamente. Uma executiva ligada à Conceitto, Marjorie Nunes, teria amizade com a ex-secretária Sônia. Marjorie é investigada
Edulab Comércio de Produtos e Equipamentos
O que foi comprado: materiais, jogos e brinquedos pedagógicos
Valor: R$ 4,2 milhões
Método de contratação: adesão à ata de registro de preço
Contexto: servidoras da Smed encaminhavam a compra de brinquedos de uma empresa que não é investigada, mas o representante da Edulab, Ciríaco Pereira Freire Junior, teria conseguido uma intervenção na prefeitura, por cima da Smed, para que a operação com a concorrente fosse cancelada e direcionada para a Edulab
Suspeita: direcionamento e burla à licitação supostamente em favor da Edulab. A investigação aponta que o ex-secretário-adjunto Mário de Lima teria retornado de reuniões externas com a determinação de que o negócio fosse fechado com a Edulab
Mindlab do Brasil Comércio de Livros
O que foi comprado: livros e jogos didáticos
Valor: R$ 14,4 milhões
Método de contratação: inexigibilidade
Contexto: compra teria sido direcionada após atuação de um representante da empresa, João Reymunde. Ex-servidora Michele Bartzen e assessora do Gabinete do Prefeito Lia Wilges têm versões conflitantes sobre quem tomou a iniciativa de abrir o processo de compra. Polícia Civil suspeita que Lia, à época na Smed, possa ter participado do suposto direcionamento por conhecer Reymunde. Michele já era investigada
Suspeita: direcionamento da compra e subutilização dos materiais adquiridos. Investigadores querem aprofundar investigação para saber se houve vantagens pessoais
Ambiética Assessoria Ambiental
O que foi comprado: programa de educação ambiental para as escolas
Valor: R$ 680 mil
Método de contratação: inexigibilidade
Contexto: processo de contratação começou com orçamento da Ambiética nominal para a servidora Lia Wilges, à época lotada na Smed e, atualmente, no Gabinete do Prefeito. Jackson Müller era sócio-minoritário da empresa. A inexigibilidade foi justificada pelo conhecimento dele na área ambiental. A Polícia Civil aponta que Müller estava proibido de contratar com o poder público em 2022 por conta da Operação Caritas. Ele deixou o quadro societário em junho de 2022, pouco após a do contrato. Investigadores entendem que a permanência do filho dele como único sócio, sem expertise no tema, derrubou a hipótese de inexigibilidade por notório saber.
Suspeita: direcionamento da contratação e execução precária do serviço
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