Os serviços de defesa agropecuária vêm demonstrando robustez e qualificação, como mostra o caso de gripe aviária
É necessário aguardar 28 dias após a sanitização da propriedade onde surgiu a enfermidade, tarefa executada em 22 de maio. O intervalo é equivalente a duas vezes o período de incubação do vírus. Caso nenhuma surpresa negativa surja até a semana que vem, restará demonstrado oficialmente o êxito em debelar o foco. Seria um desempenho igual ao do ano ado, no caso da doença de Newcastle em Anta Gorda.
Em um país onde atividades exercidas pelo poder público são alvo de queixas da sociedade, é dever reconhecer que os serviços oficiais de defesa agropecuária, pelo contrário, vêm demonstrando robustez e qualificação, como mostra o evento em Montenegro. É o resultado do trabalho de algumas décadas, de investimentos públicos e privados, do aprendizado com o combate a surtos em rebanhos e pragas em lavouras, da adesão dos criatórios às medidas de biossegurança e do profissionalismo da indústria. O Brasil não seria um dos maiores exportadores de proteína animal sem o pilar da sanidade. Não por acaso lidera as vendas de carnes bovina e de frango. Outra importante conquista celebrada nos últimos dias foi o certificado da Organização Mundial da Saúde Animal reconhecendo o Brasil como livre de febre aftosa sem vacinação.
Enquanto o Brasil ainda evita que a influenza aviária chegue a mais propriedades ligadas à cadeia da avicultura, grandes produtores globais, como EUA e União Europeia, não têm a mesma performance. Em três anos, os norte-americanos fizeram o abate sanitário de 170 milhões de aves para tentar _ sem sucesso _ conter a doença. Um dos reflexos foi a disparada do preço dos ovos. No episódio de Montenegro, acabaram sacrificadas 17 mil galinhas. É preciso registrar também que, com o caso no RS, a vigilância ficou ainda mais atenta. Nas últimas semanas foram encontrados focos em aves silvestres e de subsistência em alguns Estados. Há, portanto, circulação viral. Mas, ao menos por enquanto, os esforços conseguiram evitar o problema em outros criatórios comerciais.
Aliada à competência, tem de existir total transparência com os mercados externos, o que fortalece a credibilidade junto aos países compradores. É a confiança que fará o Brasil acelerar a retomada dos embarques agora paralisados e chegar a bom termo em negociações com importadores para regionalizar os embargos em casos semelhantes. O resultado é o fortalecimento de um dos setores mais importantes da economia do Estado e do país e a garantia de produtos de qualidade na mesa dos brasileiros.