Bernardo Boldrini é velado em ginásio de colégio em Três os.

3. Investigação

15 de abril de 2014: suspeita de abandono

Órfão de mãe, o garoto se queixava de abandono familiar. Bernardo chegou a procurar o Judiciário no início de 2014 para falar do assunto, pedindo para morar com outra família, segundo o Ministério Público.

16 de abril de 2014: atestado de óbito

O atestado de óbito diz que a morte do menino ocorreu no dia 4 de abril de "forma violenta", segundo a família materna. O documento não apontou a causa da morte, mas o texto diz que teria sido de forma violenta e que o corpo estava "em adiantado estado de putrefação".

A avó materna, Jussara Uglione, disse que a criança era maltratada pela madrasta.

— Ela não deixava ele entrar em casa enquanto o pai não chegasse — afirmou.

Já uma ex-babá do menino afirmou que ele recebia pouca atenção do pai e da madrasta.

— Ela sempre afastava o menino dela. Agredia com palavras — disse.

10 de maio de 2014: preso quarto suspeito

A Polícia Civil prendeu o irmão de Edelvania, Evandro Wirganovicz, suspeito de participação ou ocultação de cadáver no caso. A Justiça considerou que o terreno onde o corpo de Bernardo foi encontrado era de difícil escavação, o que poderia indicar a participação de um homem, além de Edelvania e da madrasta.

Fábio Pelinson / Jornal O Alto Uruguai
Evandro é irmão de Edelvania.

15 de maio de 2014: MP denuncia investigados

O pai, a madrasta e a amiga foram denunciados por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima). Eles também foram acusados de ocultação de cadáver.

— Leandro Boldrini, Graciele Ugolini e Edelvânia Wirganovicz mataram Bernardo Uglione Boldrini. Leandro foi o mentor intelectual desse crime. Ele tinha o domínio do fato. A decisão da morte do filho foi dele. A prova existe — disse a promotora Dinamárcia Maciel de Oliveira.

Tadeu Vilani / Agencia RBS
MP apresentou os detalhes da denúncia contra os suspeitos pela morte do menino.

16 de maio de 2014: acusados viram réus

O juiz Marcos Luís Agostini recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público (MP) contra os quatro acusados pelo envolvimento na morte de Bernardo.

4. Processo judicial

27 de maio de 2015: réus são interrogados

Mais de um ano depois do crime, os quatro réus foram interrogados pela primeira vez na Justiça. Recebido no fórum com gritos de "assassino" por manifestantes e vestindo um colete à prova de balas, Leandro Boldrini negou participação no episódio. Irmão da amiga do casal, Evandro também negou envolvimento no caso. Já a madrasta, Graciele, e a amiga, Edelvânia, ficaram caladas.

Ricardo Duarte / Agencia RBS
Leandro negou participação no crime.

13 de agosto de 2015: Justiça decide que réus vão a júri

Os quatro acusados de participar da morte de Bernardo foram pronunciados pela Justiça. Com isso, um júri composto por pessoas da comunidade iria decidir a sentença de cada um.

5. Julgamentos

11 de março de 2019: primeiro júri começa

O julgamento dos acusados foi iniciado em Três os. No lado de fora e na casa onde Bernardo vivia, manifestantes pediam justiça no caso.

Jefferson Botega / Agencia RBS
No primeiro julgamento, Leandro Boldrini foi condenado a 33 anos e oito meses de cadeia.

15 de março de 2019: réus são condenados

Após cinco dias e 50 horas de julgamento, o júri decidiu pela condenação dos quatro réus. Graciele Ugulini, a madrasta, recebeu pena de 34 anos e sete meses de prisão. Leandro Boldrini, o pai, foi condenado a 33 anos e oito meses de cadeia.

Edelvânia Wirganovicz, a amiga, foi condenada a 22 anos e 10 meses de prisão. Enquanto o irmão dela, Evandro Wirganovicz, foi sentenciado a nove anos e seis meses em regime semiaberto.

Montagem sobre fotos: Jefferson Botega / Agência RBS
Leandro, Graciele, Edelvânia e Evandro foram condenados após cinco dias de julgamento.

10 de dezembro de 2021: anulada condenação de Leandro

O 1º Grupo Criminal do Tribunal de Justiça decidiu pela anulação do julgamento de Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo. O relator do caso disse que "houve quebra da paridade de armas" na conduta do promotor de justiça durante o interrogatório do réu no júri.

20 de março de 2023: Leandro vai a novo júri

Leandro Boldrini foi submetido a um novo julgamento no Foro da Comarca de Três os. O réu não foi interrogado por razões médicas, que não foram informadas. O acusado chegou ao fórum agitado, conduzido por policiais, dizendo "para, para" ao ar pela área onde estava a imprensa.

Jonathan Heckler / Agencia RBS
Leandro ou por novo julgamento em março de 2023.

23 de março de 2023: Leandro é condenado

Leandro Boldrini foi condenado a 31 anos e oito meses de prisão. O pai de Bernardo foi responsabilizado pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado e por falsidade ideológica. Ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver.

Jonathan Heckler / Agencia RBS
Pai de Bernardo foi responsabilizado pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado e por falsidade ideológica.

29 de fevereiro de 2024: condenação é mantida

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul manteve a validade do júri que condenou o médico Leandro Boldrini. O relator dos recursos, desembargador Rinez da Trindade, negou tanto o pedido da defesa de Boldrini, que pedia a anulação do júri, quanto o pedido do Ministério Público, que buscava a ampliação da pena do médico.

GZH faz parte do The Trust Project
Saiba Mais

RBS BRAND STUDIO