– Na Midkine encontramos uma possível estratégia que merece ser considerada para o desenvolvimento de medicamentos – disse Marisol Soengas, do Centro Nacional de Pesquisa do Câncer em Madri, coautora do estudo.
A detecção precoce é importante no melanoma. Depois que ele começa a se espalhar, o prognóstico do paciente geralmente é desfavorável. Os cientistas acreditaram por muito tempo que o melanoma preparava os órgãos que pretendia colonizar ativando o crescimento dos vasos linfáticos transportadores de fluidos - primeiro no tumor primário, depois nos linfonodos ao redor, e assim por diante.
No entanto, remover os linfonodos próximos a um melanoma não evita metástases, o que significa que está "faltando algo" na compreensão do mecanismo de disseminação, disseram os pesquisadores. O novo estudo oferece uma possível resposta.
– Quando esses tumores são agressivos, eles agem à distância muito antes do que se pensava – disseram os autores.
A Midkine se transportou diretamente para o novo local do câncer independentemente da formação de vasos linfáticos em torno do tumor original. Quando a Midkine foi inibida em tumores de ratos, a metástase também foi bloqueada, disse a equipe.
– Estes resultados indicam uma mudança de paradigma no estudo da metástase do melanoma – de acordo com Soengas.
Os cientistas não sabem, no entanto, se a Midkine é transportada através do sangue, da linfa ou de ambos.
Em um comentário também publicado na Nature, Ayuko Hoshino e David Lyden, da universidade Weill Cornell Medicine, em Nova York, disseram que o estudo forneceu "percepções muito necessárias" para a predição do risco metastático.
O trabalho, eles concluíram, "pode abrir uma porta para estratégias de diagnóstico e terapêuticas que visam lidar com metástases antes delas terem a chance de surgir".