
Um grupo que apoia pessoas com câncer com alimentos, moradia e medicamentos: esse é um dos objetivos da Liga de Combate ao Câncer, que completa 50 anos em 2025. A data marca o momento que o grupo ou a integrar a Rede Feminina Nacional de Combate ao Câncer e participar das reuniões anuais e congressos nacionais.
Presente em mais de 80 municípios gaúchos, a Liga tem a matriz em Porto Alegre e uma sede em o Fundo, onde tem 265 pacientes cadastrados. Na Região Norte, há ainda grupos de apoio Carazinho, Espumoso, Tapera e Soledade. A atuação vai além da hospedagem e comida para os pacientes e acompanhantes: o movimento é uma segunda família para quem enfrenta a doença.
Em o Fundo, os encontros do grupo voluntário aconteciam em diferentes locais, cedidos pela prefeitura e outras entidades do município, antes de ser construído o prédio do Centro Assistencial à Criança com Câncer (Cacc), onde a Liga está sediada.
— Trabalhávamos muito nos finais de semana pedindo cimento, tábua e tijolo. Em dois anos construímos toda essa casa — conta a atual presidente do movimento em o Fundo, Neli Formighieri, que participou de todo o processo.
Com um histórico de câncer na família, Neli lembra que um dos motivos que a fez abraçar a causa foi quando a mãe recebeu o diagnóstico da doença e precisou realizar o tratamento em Porto Alegre. Naquele momento, entendeu a dificuldade que pacientes e acompanhantes avam durante o processo da cura ao tentar encontrar locais de acolhimento.

A partir da doação do terreno de Ítalo Benvegnú, a presidente, junto de outros voluntários, investiu tempo e energia para a construção do prédio do Cacc. A casa leva o nome da esposa de Ítalo: Morena Benvegnú.
— Alguém precisa fazer esse serviço. Eu quero que as pessoas sejam bem recebidas, bem tratadas e que tenham um lugar com aconchego. Essa casa que temos hoje aqui é um luxo. Eles recebem muito amor aqui. Tem muitas pessoas que não têm nem vontade de ir embora. Uma criança já se abraçou nas minhas pernas, mesmo depois da alta, e disse que não queria voltar para casa — relembra.
Serviço voluntário
Há 21 anos, a Liga funciona na Rua Dez de Abril, no centro da cidade, e conta com 265 pacientes cadastrados. Destes, 103 são crianças, 104 mulheres e 58 homens.
Além da hospedagem, o local também oferece quatro refeições por dia: café da manhã, almoço, lanche da tarde e janta. Desde janeiro, a cozinha do prédio do Caac já serviu 2,9 mil refeições e distribuiu mais de 250 cestas básicas para os assistidos.
O espaço conta com nove funcionários como psicólogo, assistente social, técnica de enfermagem e realiza oficinas nas quintas-feiras para os assistidos. Grande parte dos recursos para manter a casa são do brechó do Cacc, localizado no mesmo terreno.
— É o nosso carro-chefe (o brechó). Também temos colaboradores fiéis que realizam doações mensais de diferentes valores. De pouco em pouco vamos conseguindo o montante que precisamos. Também tem pessoas que nos ajudam com alimentos — afirma Neli.
"É uma segunda casa, uma família"

Desde 2017, quando Maria Elisa Borssoni Griebler, 56 anos, descobriu o câncer de mama, a Liga de Combate ao Câncer de o Fundo se tornou "um ombro amigo".
— No início eu não tinha coragem de ir até a Liga. A gente sempre pensa em coisas piores. Eu precisei de ajuda financeira e psicológica, porque no começo, ao descobrir a doença, a gente fica muito abalado. E foi aqui que eu consegui tudo isso — conta.
Ainda monitorando a doença, Maria segue realizando exames periódicos a cada seis meses. Além de participar todas as quintas-feiras das atividades que a Liga oferece, ela também é integrante do grupo das arteiras, que produzem artesanatos e arrecadam fundos para si próprias.
Com uma rotina próxima das atividades da entidade, a assistida afirma que mesmo após receber alta seguirá auxiliando a Liga no que estiver ao seu alcance.
— Já disse que não vou abandonar a Liga. Vou vir como voluntária. Vou retribuir. Aqui encontrei um ombro amigo. Para mim é uma segunda casa, uma família — disse.