Pesquisadora da área de economia aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV
— A produção industrial, o resultado dos serviços, a expedição de papelão ondulado, o fluxo de veículos nas estradas e outros indicadores divulgados mostram desempenho muito fraco de diversos setores da economia — afirma o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira.
Pensar em dado negativo não é exagero, diz Fabio Bentes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.
— A previsão de crescimento para o ano é cada vez menor e é consensual que o (primeiro) trimestre foi muito abaixo do que se esperava — avalia Bentes, lembrando que, por enquanto, a entidade trabalha oficialmente com variação positiva de 0,1% para o intervalo de janeiro a março, ante projeção inicial de avanço de 0,6%.
Pesquisadora da área de economia aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Luana Miranda lembra que, no final do ano ado, após o resultado das eleições, dispararam as expectativas positivas de empresários e consumidores. No horizonte, a esperança de um governo liberal e uma agenda de reformas a ser tocada com entusiasmo.
— Mas chegou 2019 e a realidade bateu à porta — pondera Luana, referindo-se à inabilidade política do governo, inclusive com a sua base, a demora na tramitação e a possibilidade cada vez maior de desidratação da proposta de reforma da Previdência, que previa economia de R$ 1 trilhão em 10 anos.
O mercado de trabalho está muito lento, fraco, com níveis recorde de subutilização da mão de obra e desalento. Isso afeta setores que precisam do consumo para se recuperar.
FABIO BENTES
Economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)
A economista-chefe da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro, credita grande parte da frustração às confusões e contradições do governo, citando episódios como o mal-estar com países árabes importadores da carne brasileira pela intenção — depois revista — de mudar a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém e a intervenção na Petrobras para segurar o preço do diesel. Além da falta de organização política do Planalto, a linha bolsonarista conflitante com o viés liberal da equipe econômica aumenta o grau de incerteza. Sem poder enxergar os próximos meses, a população segura o consumo e os empresários postergam ainda mais os investimentos, aponta Alessandra.
— Seria muito importante o governo tentar garantir a reforma da Previdência e melhorar o ambiente de confiança. Mas é o governo que cria as suas próprias crises, como meter a mão no preço do diesel e a briga (de Jair Bolsonaro) com o Maia — diz Alessandra, referindo-se ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Diante da economia estagnada e da inflação ainda baixa, também começam a aumentar as apostas de que o Banco Central possa promover novos cortes na taxa Selic nos próximos meses. O juro básico da economia está estacionado em 6,5% ao ano desde o início de 2018.
Diversos indicadores mostram uma economia que está praticamente parada — em alguns setores, com pouco crescimento ou até no negativo.
Desempenho por setor
IBC-Br
Desemprego
Projeção do PIB
Confiança empresarial e do consumidor