Faz tempo que eles tentam, não que eu saiba quem são eles. Se economistas, fizeram uso de livros. Se funcionários de carreira, quais sejam, também não deveriam desprezar os livros. Se analistas, gestores, es, até mesmo militares, é lamentável que pretendam acabar com um mercado inteiro para botar as contas em dia. O que, diga-se, não é assim que vão conseguir.
De uma coisa dá para ter certeza: professores não são. Independentemente de um ou outro dar aulas sobre investimentos por aí.
Que eu lembre, começou no atual governo, quando o sinistro Paulo Guedes quis acabar com a isenção de PIS e Cofins para o mercado editorial. O aumento de cerca de 12% no preço do livro seria reado, óbvio, para o consumidor. As editoras já trabalham no limite, não teriam como absorver o custo. Foi a primeira vez que se ouviu a justificativa estapafúrdia de que o livro pode ser caro, já que só a elite compra.
Na ocasião, viralizou uma foto do sinistro, também conhecido como ex-Posto Ipiranga, diante da sua própria estante vazia de volumes e ideias. E tudo fez sentido. É do ser humano considerar dispensável aquilo que não lhe apela. Aqui em casa, por exemplo, ninguém vai encontrar cinzeiros, a discografia do cantor Latino ou um três-oitão. Não nos faz falta.
Mas ninguém imagine que o Guedes não pensou nos menos favorecidos ao propor a taxação do livro. Jamais. Palavras dele: “Vamos dar livros de graça para o mais frágil, para o mais pobre”. Pode não ser o livro que o pobre gostaria, mas quem se importa? Em lugar de Pequeno Manual Antirracista, da Djamila Ribeiro, a vida e obra da Damares. Em lugar de Vista Chinesa, da Tatiana Salem Levy, a Bíblia com prefácio do ministro Kassio Conká. Vai ler e não reclama, pobre.
É do ser humano considerar dispensável aquilo que não lhe apela
A proposta do sinistro veio na carona das medidas pensadas para a reforma tributária, lá por agosto de 2020. Acredito que, devido às reações que provocou, não se falou mais nela. Assim como não se falou em taxar fortunas e grandes empresas, como Biden anunciou que fará nos Estados Unidos, aumentando também os investimentos públicos em infraestrutura. O bom de dizer isso aqui é que ninguém pode me acusar de estar ando adiante preceitos comunistas, já que a ideia foi do Biden, não do Putin.
Pois bem. Na semana ada, a reforma tributária voltou à pauta, e quem apareceu de novo">Com creme de leite