
Porto Alegre, segunda-feira, 19h. Enquanto o trânsito da Capital começava a se acalmar na rua, dentro do lotado Salão de Atos da UFRGS o clima era de ansiedade. Todos a postos para ouvir Djamila Ribeiro, uma das convidadas para a abertura da FestiPoa Literária – que dividiria o palco com a mentora, a escritora Sueli Carneiro, para falar sem filtros sobre como é ser uma mulher negra em 2019.
Em pouco mais de cinco anos, Djamila Ribeiro tornou-se o nome mais conhecido quando se fala em ativismo negro no Brasil. E tudo isso com um contorno pop: presença ativa nas timelines, acumula mais de 400 mil seguidores no Instagram. Mas sua voz ecoa para muito além das redes sociais. É presença constante nos crescentes espaços de debate sobre os movimentos das mulheres e na luta por diversidade. Conhecida como filósofa pop, Djamila faz jus ao título. Entre seus (muitos) feitos, estão desde participações no programa Saia Justa, do GNT, até um programa de entrevistas conduzido por ela no canal Futura. Em 2016, foi nomeada secretária-adjunta de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo.
Transcendeu a academia e desembarcou até no mundinho global: ministrou aulas de feminismo para um grupo de atrizes e diretoras da TV Globo na casa de Camila Pitanga, no Rio de Janeiro, além de prestar consultoria especializada para programas da emissora, como o transgressor Amor & Sexo, de Fernanda Lima. No início deste ano, foi convidada pelo governo francês a participar do programa Personalidades do Amanhã, projeto que escolhe um representante por país da América Latina e Caribe por sua projeção atual e impacto no futuro. A agenda não tem folga, mas ela nem pensa em tirar o pé do acelerador.
Enquanto você está lendo essa entrevista, Djamila percorre um itinerário que inclui seis cidades na França, além de uma parada em Bruxelas, na Bélgica, para lançar seus dois livros, que acabam de ganhar tradução para o francês. No Brasil, os títulos Quem Tem Medo do Feminismo Negro? (2018) e O Que É Lugar de Fala? (2017) são best sellers – o último vendeu mais de 50 mil cópias. Mérito do discurso ível e objetivo da (também) escritora, que transforma seu aprendizado como mestre em filosofia política e ativista do movimento negro em verdadeiras aulas que ensinam por que se importar com os terríveis efeitos do racismo deveria ser preocupação de todas nós.
Hoje, Djamila prepara mais um livro: inspirada em manuais como Para Educar Crianças Feministas, da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, sua nova obra terá como objetivo orientar as pessoas sobre como não agir de forma racista. É assim, com conhecimento como forma de derrubar o preconceito, que a filósofa trilha seu caminho como referência na luta pelos direitos das mulheres, sobretudo as negras. Na entrevista a seguir, Djamila discorre sobre racismo, feminismo e, claro, as questões sociais que permeiam nossa vida hoje.
* colaborou Camila Camargo
Como foi perceber o interesse das atrizes para quem você deu aula em se aprofundar no feminismo">Disputa pela coroa