É uma hora de focar em uma coisa que não seja uma tela, meio que desligar a cabeça e só ficar ali procurando a pecinha que encaixa. É bem relaxante, é desligar de tudo e focar em uma coisa só
MARINA SMITH, INFLUENCIADORA
Raphael Castilhos, médico neurologista do Hospital de Clínica de Porto Alegre (HA) e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), afirma que não existe comprovação de que especificamente o ato de montar quebra-cabeças traga benefícios para a cognição.
Entretanto, aponta que jogos de montagem e de raciocínio são algumas das possíveis formas de estímulo cognitivo — que é algo muito importante.
Conforme o especialista, a atividade também pode ser benéfica se for utilizada como um recurso para ficar longe das telas e como um estímulo para interação social.
— Se a pessoa gosta de montar quebra-cabeças, isso vai ser algo interessante, talvez seja um estímulo cognitivo junto de outras medidas para que se evite uma perda cognitiva. E grandes quebra-cabeças não montamos sozinhos, montamos com outras pessoas. Então, tem essa coisa de reunir a família, que é um tipo de benefício também — destaca.
A psicóloga clínica Scheila Mara Fogaça Moretto, que é membro da Comissão de Avaliação Psicológica do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS), acrescenta que o quebra-cabeça trabalha muitas questões emocionais e cognitivas. Isso porque envolve três áreas das nove inteligências múltiplas: a capacidade de inteligência espacial, da corporal sinestésica e da lógica matemática.
Além disso, faz com que a pessoa trace estratégias para desempenhar a tarefa:
— Então, vai trabalhar com a flexibilidade cognitiva de poder pensar formas diferentes de agir: “montei uma estratégia, mas isso aqui não está funcionando muito bem, então vou ar para outra”. No exemplo da Vitória Strada, que usou as dicas que a avó ensinou, tem um lado afetivo também, de lembrar quando os pais ou avós brincavam de montar quebra-cabeças.
As estratégias utilizadas na montagem da figura também se relacionam com o raciocínio espacial, quando a pessoa precisa pensar em como organizar as peças.
Scheila afirma que o jogo trabalha ainda a tolerância e a frustração, bem como a capacidade de concentração. Reforça que os jogos de tabuleiro agregam o grupo familiar.
— Faz com que saia daquela coisa de cada um fazer uma coisa e ninguém trocar ideias, porque quando a pessoa está em família montando um quebra-cabeça ou jogando algum jogo de tabuleiro, ela está jogando com aquele grupo. E o quebra-cabeça é cooperativo, todos vão buscar a conclusão da figura e todos ficarão felizes quando terminar. Todos ganham — salienta a psicóloga.
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