"Deixar uma criança chorando por muito tempo, sozinha, não é educação, mas desamparo", diz psicólogo
— O ser humano sofre muito, é uma criatura muito angustiada. Durante a maior parte da História do Ocidente, isso era aceito. A mitologia da felicidade que temos hoje é localizada na modernidade. Antes disso, o cidadão médio cristão acreditava enfrentar todo aquele sofrimento porque estava ando pela dor de Cristo na Terra. Nosso posicionamento é de amor às crianças, por não querermos que elas vivam essa realidade de sofrimento. O antinatalismo quer diminuir o sofrimento no mundo.
O psicanalista Mario Corso critica. Para ele, o pensamento antinatalista é depressivo e anti-humanista, uma forma de desistência do humano:
— Eles têm razão ao dizer que experimentamos mais sofrimento do que prazer, mas desde quando o prazer é o horizonte da vida humana? Que raciocínio mais hedonista! A vida não se justifica pelo prazer. Isso é reduzir a experiência humana. Também acho que a humanidade não deu certo. Não vai dar certo. Temos uma precariedade estrutural em nós. Mas a experiência humana é uma coisa de que eu não abriria mão de transmitir.