A frequência das ocorrências de variação térmica intensa também pode ter contribuído para essa sensação de desconforto. O número de vezes que saímos do quentão para o sorvete no intervalo de três dias no mesmo recorte anterior foi a maior desde 2013: oito das 20 ocorrências de maior oscilação térmica — 40% da série analisada — foram registradas no inverno de 2019. O cálculo compara a temperatura máxima de um dia com a mínima do terceiro dia subsequente. Em três das oito ocorrências de 2019 a variação térmica ficou na faixa de 24°C.
Houve casos em que a intensidade da variação foi percebida de um dia para o outro: em 25 de junho, por exemplo, a máxima em Porto Alegre foi de 29,1°C. No dia seguinte, a mínima foi de apenas 7,7°C. Uma diferença de 21,4°C entre um extremo e outro, em apenas 24 horas.
O calorão no final de junho também alimenta outra tese dos gaúchos quando o assunto é clima: o tradicional "veranico de maio" está chegando cada vez mais atrasado. Pelo segundo ano consecutivo, o período de estiagem acompanhado de calor intenso e baixa umidade, não se confirmou em maio.
Apesar disso, a meteorologista Alice Macedo, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (tec), afirma que ainda não há números o suficiente para indicar que isso se converta em uma nova tendência.
— É normal que os fenômenos atrasem ou antecipem um pouco de um ano para outro — diz Alice.