Órbita do K2-18 b está localizada dentro da chamada "zona habitável", onde há possibilidade de existência de água líquida.

Por que a descoberta é importante?

A principal novidade está na detecção dos gases DMS e DMDS que, na Terra, são produzidos por fitoplânctons, especialmente em ambientes marinhos.

De acordo com Madhusudhan, a concentração desses compostos no K2-18 b foi registrada em níveis milhares de vezes superiores aos encontrados em nosso planeta. 

Além desses compostos, o James Webb já havia identificado metano e dióxido de carbono na atmosfera do exoplaneta, o que seria a primeira vez que moléculas baseadas em carbono foram observadas em um planeta dentro da zona habitável.

Próximos os

Apesar do entusiasmo, a equipe científica reforça que os resultados precisam ser confirmados.

A detecção atual apresenta uma margem de erro estatístico de 0,3% — considerada baixa, mas não suficiente para cravar a existência de vida.

Segundo os pesquisadores, será necessário repetir os experimentos com diferentes instrumentos e ampliar a análise teórica para descartar alternativas não biológicas.

— Precisamos repetir as observações duas ou três vezes para garantir que o sinal é real e reduzir a margem de erro. Também é essencial investigar se existe algum mecanismo abiótico que possa explicar a presença desses gases — explicou Madhusudhan.

O Planeta K2-18 b pode ser habitável?

Apesar de estar na zona habitável, ainda não é possível afirmar que o K2-18 b seria um ambiente propício à vida como conhecemos no nosso planeta.

Isso porque, segundo os pesquisadores, o planeta possui uma gravidade muito maior e características atmosféricas que ainda precisam ser compreendidas com mais profundidade. 

Mesmo que a vida exista por lá, ela seria, em tese, microbiana e adaptada a condições diferentes das terrestres.

A suposição básica dos pesquisadores, portanto, é de vida microbiana simples, possivelmente semelhante à dos oceanos da Terra, mas em águas mais quentes.

Exoplanetas

Desde os anos 1990, mais de 5,8 mil exoplanetas já foram descobertos pela Agência Espacial Norte-Americana (Nasa). Eles são definidos por serem planetas que orbitam uma estrela que não é o Sol, ou seja, estão localizados fora do Sistema Solar

O K2-18 b se destaca justamente por reunir condições atmosféricas e térmicas favoráveis à vida e por permitir observações em trânsito — quando a na frente de sua estrela, do ponto de vista da Terra.

Isso facilitaria, portanto, a análise de sua atmosfera a partir da luz captada pelos telescópios espaciais.

— A humanidade se pergunta há milênios se estamos sozinhos no universo. Talvez agora estejamos a apenas alguns anos de descobrir a resposta — disse o astrofísico.

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