O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê que o El Niño vai persistir até março de 2024, perdendo força já em fevereiro. Com a frequência de eventos climáticos extremos, o biólogo Joel Ellwanger diz que as pessoas podem agir de forma individual e coletiva para se precaver contra a possibilidade de dengue.
É a combinação das chuva intensa, que criam reservatórios artificiais de água, e temperatura elevada, que aceleram o desenvolvimento de todas as fases do mosquito.
JOEL ELLWANGER
Biólogo
— A gente pode tentar se adaptar, ou seja, ficar mais atento às medidas de precaução, removendo a água parada no seu pátio ou na rua. Em nível coletivo, a população pode se organizar para fiscalizar decisões políticas e de órgãos ambientais. Tanto para formulação de leis quanto de políticas públicas ambientais. É a forma de combater as mudanças climáticas de forma estrutural — diz o pesquisador.
Redução o desmatamento no Brasil e a preservação do bioma Pampa no RS estão, segundo Ellwanger, as prioridades para que o cenário mude:
— O Pampa no RS está perdendo a vegetação para o cultivo de monoculturas como arroz e soja. A população gaúcha precisa estar mais atenta aos políticos que estão ou não comprometidos com questões ambientais no Estado.
A curto prazo, a bióloga Ana Veiga sugere a utilização de mosquiteiros ou telas nas janelas e repelentes para afastar os insetos transmissores.
— É bom cobrir as pernas porque o mosquito não voa muito alto e a fêmea, que é quem transmite a doença, costuma se alimentar durante o dia. E evitar a água parada em piscinas, vasos, lixo e recipientes expostos à água da chuva — lembra Ana.
Neste final de semana, chegou ao Brasil a primeira remessa da vacina contra dengue que será disponibilizada pelo SUS. Inicialmente os imunizantes serão destinados a regiões de saúde com municípios de grande porte com alta transmissão nos últimos 10 anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes, levando também em conta altas taxas nos últimos meses.
O público-alvo, em 2024, serão crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue depois de pessoas idosas – grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Anvisa. O esquema vacinal é composto por duas doses com intervalo de três meses entre elas.
No entanto, a lista dos municípios e a estratégia de vacinação serão informadas pelo Ministério da Saúde nos próximos dias. A previsão é que as primeiras doses sejam aplicadas em fevereiro.