— É uma terapia inovadora, e eles acrescentam um lucro bem alto. Temos experimentado isso com outros medicamentos também, como o Spinraza, que era a única medicação até agora para essa doença. Foi lançada há cerca de dois anos por R$ 600 mil a dose, hoje já se fala em metade disso. A gente não sabe o investimento para fazer a pesquisa e o novo remédio, não divulgam o valor real — afirma o médico neurologista da Santa Casa de Porto Alegre Ricardo Santin.
Santin reconhece que o Zolgensma é inovador e diz que o remédio usa um vírus para transportar uma proteína para dentro da célula. O resultado é uma correção do DNA afetado, uma cura genética nos casos de tipo 1 – que pode se manifestar no bebê no útero da mãe. Mas ele afirma que a tendência é de os resultados se repetirem nos tipos 2 e 3, que englobam crianças entre sete e 18 meses de idade em diante. Significa que crianças que não andariam e mal conseguiriam respirar sozinhas ganham de volta a plena capacidade muscular e uma vida sem limitações:
— A luta agora é termos o diagnóstico precoce, que é possível por meio do teste do pezinho expandido. Só que esse teste não chegou ainda no SUS, custa R$ 80 a mais do que o teste tradicional.
A presidente da Associação Brasileira de Atrofia Muscular Espinhal (Abrame), Fátima Braga, celebra a nova droga:
— Uma criança tratada com esse novo medicamento poderá ter uma vida normal, como eu e você. Teremos uma parcela dos paciente curados! Eu nunca pensei que fosse ver uma coisa dessas em toda a minha vida, parece coisa de ficção científica.
O Zolgensma ainda não está à disposição no Brasil. Segundo a Abrame, a Novartis já encaminhou o pedido de registro do medicamento à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o primeiro o. Até agora, só havia uma droga para combater a Ame, chamada Spinraza, que é de uso contínuo e consegue conter o avanço da doença. Cada dose tem o custo de R$ 318 mil.
TIPO 1 – Forma severa que pode se manifestar no bebê ainda no útero da mãe.
TIPO 2 – Forma intermediária que se manifesta entre 3 e 15 meses de idade.
TIPO 3 – Forma menos severa, a partir dos 2 anos até a vida adulta.