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Sem guarda-chuva, capa ou mesmo sapatos, um ser angelical se destacava da multidão sobre os ombros de Rafael Machado Chagas, 28 anos, que percorria descalço o íngreme trajeto desde a Igreja São José do Murialdo. De vestido branco, com uma auréola sobre a cabeça, a filha de três anos o acompanhava na terceira de sete vezes em que o trabalhador da construção civil prometeu participar da procissão.

Rafael percorreu o íngreme trajeto com a filha de três anos na garupa

Morador da Capital, Chagas realiza a dolorosa travessia em agradecimento à melhora da menina, que, ainda bebê, foi internada com problemas respiratórios. Preocupado com a saúde da filha, o homem, que não se considera religioso, resolveu apelar ao auxílio divino. A criança apresentou melhoras e, desde então, é levada pelo pai, vestida de anjo, para a Via Sacra.

– Eu só acredito em Deus. Tudo o que eu peço, ele me alcança – disse, enquanto subia, concentrado, o trecho coberto de água.

Envolta em uma capa de chuva plástica e presa ao colo da mãe, Bianca, um ano e oito meses, também foi vestida de anjo à procissão para, ainda sem saber, agradecer pela própria vida. Aos oito meses, a menina de olhos verdes e cabelos encaracolados que observava calada o movimento ao redor foi internada por 10 dias com coqueluche. Católica, Paula Pedroso, 33 anos, foi à igreja pedir a cura da filha. Em troca, carregaria a criança fantasiada morro acima, fizesse sol ou chuva.

– Já tinha feito promessa pela saúde do meu filho mais velho. Ele veio junto no ano ado, para conhecer a história de Jesus – conta a moradora de Viamão.

A poucos metros do topo do morro, outro ser angelical de asas em soft, galochas e cabelo encharcado pela chuva propôs a Alexandra Carvalho Reis, 23 anos, uma pausa para descansar do trajeto. Aos cinco anos, a anja Mariana Reis Lopes é experiente em vias sacras: acompanha a mãe desde o primeiro ano de vida, depois que melhorou de uma bronquiolite. Mas era a primeira vez que encarava a travessia com as próprias pernas – e abaixo de chuva.

– Quando ela começou a melhorar, vi que minhas preces tinham sido atendidas. Prometi trazer ela até os sete anos vestida assim, porque ela era um anjo – diz a moradora do Morro da Cruz.

O suplício de anjos e mundanos culminou no topo do morro por volta das 17h30min, após cerca de 45 minutos de caminhada, quando os fiéis assitiram atentos à última e mais comovente parte da encenação: a cruficação e a ressurreição de Jesus Cristo. A penitência acabou só no palco. Sem arrefecer, a chuva garantiu um novo calvário na volta para casa.


Jorge Jacoby (à direita), sósia do Papa Francisco, foi aplaudido pelo público presente

Sósia do Papa Francisco foi aplaudido pelos fiéis

Minutos antes do começo da Via Sacra, um personagem carismático impressionou o público que aguardava pela cerimônia por sua semelhança com um expoente do catolicismo. Sósia do Papa Francisco, Jorge Jacoby subiu ao palco por alguns minutos e abanou para os fiéis durante a fala do padre. O personagem, que apareceu no evento pela primeira vez, foi aplaudido pelo público.

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