• Com a aprovação do projeto no Congresso e a sanção da lei, governo do Estado fica desobrigado de pagar as parcelas da dívida por 36 meses;
  • Recursos que seriam usados para quitar o ivo terão de ser aportados em um fundo para a reconstrução do RS;
  • Governador terá 60 dias para apresentar um plano de trabalho para usar os recursos;
  • Daqui a três anos, o Estado volta a pagar as parcelas da dívida;
  • O valor que deixará de ser aportado nesse período, cerca de R$ 11 bilhões, irá para o saldo consolidado, corrigido pela inflação;
  • Para que a dívida não aumente, Ministério da Fazenda vai perdoar os juros referentes ao período, estimados em cerca de R$ 12 bilhões;
  • Após o período de calamidade, o RS precisará um termo aditivo ao contrato da dívida;
  • Até lá, o Estado não poderá criar ou aumentar despesas correntes (como salários de servidores) ou ampliar renúncias fiscais, salvo se for autorizado pelo Ministério da Fazenda.
  • Meritório, mas insuficiente

    Na avaliação de especialistas que acompanham a evolução da dívida gaúcha ao longo dos anos, a providência anunciada pelo governo federal deve ser celebrada. No entanto, será incapaz de bancar sozinha os custos da reestruturação do Estado.

    Para o economista Roberto Balau Calazans, ex-auditor da Secretaria da Fazenda, a proposta permitirá ao Estado ganhar fluxo financeiro nos próximos três anos, mas não será suficiente para fazer frente aos prejuízos deixados pelo fenômeno climático.

    É uma medida positiva, mas insuficiente, porque não resolve o enorme problema dessa calamidade e posterga por mais três anos uma situação maior, que é a dívida que sufoca o Estado e não permite que sobrem recursos para outras ações — avalia.

    O economista aponta que o ideal seria tentar, junto de outros Estados, a alteração no índice de correção da dívida. Hoje, a conta é atualizada por um indexador chamado de Coeficiente de Atualização Monetária (CAM), que leva em conta dois indicadores: a soma a inflação acumulada com juros de 4% ao ano e a evolução da Taxa Selic.

    No ano ado, a dívida do RS cresceu R$ 10 bilhões em razão dessa indexação. O Estado tem buscado renegociações permanentes, em um ciclo vicioso que não se resolve — reflete Calazans.

    Auditor externo do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Josué Martins diz que os R$ 11 bilhões que o Piratini poderá aplicar em três anos representam o dobro da média histórica de investimentos do Estado em tempos normais.

    — É um aporte significativo, mas não está claro se será suficiente para recuperar a infraestrutura perdida. Não temos levantamento disso, o período de chuvas ainda não acabou e algumas coisas ainda vão aparecer com o tempo — afirma

    Martins faz coro à tese de deputados e do governador Eduardo Leite de que o governo federal deveria conceder um perdão da dívida do RS, apontando que o valor pago por todas as unidades federativas representa cerca de 2% da receita da União.

    Segundo ele, se a cobrança dívida não fosse suspensa, o Estado ficaria inadimplente "ao natural".

    —Não teríamos como reconstruir o Estado e seguir pagando a dívida, o problema é que há um mecanismo de controle que a União exerce sobre as finanças do Estado e haveria uma série de punições, como a proibição de o Estado contrair novas dívidas — explica.

    A Secretaria da Fazenda diz que, após as reformas feitas nos últimos anos, as finanças do Estado estavam para uma "situação de normalidade" e que "ainda é muito prematuro definirmos o real impacto da calamidade".

    Desde 2022, o Rio Grande do Sul está sob as regras do regime de recuperação fiscal (RRF), o mais recente acordo para o pagamento à União. Desde o ano ado, a dívida voltou a ser paga aos poucos, em uma "escadinha" que faz o valor subir anualmente.

    Hoje, o débito do Rio Grande do Sul com o governo central é de cerca de R$ 100 bilhões.

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