
Uma candidata a vereadora morre antes da eleição, não recebe votos, mas é eleita suplente. A situação incomum aconteceu em Bento Gonçalves. Neiva Maria Valenti Poletto, 75 anos, concorria ao Legislativo pelo PDT quando teve a campanha interrompida por problemas de saúde. Ela morreu em 23 de setembro, duas semanas antes do pleito.
Afiliada do PDT de longa data, ela buscava uma vaga na Câmara de Bento Gonçalves pela terceira vez. Na eleição de 2020 ela fez 149 votos e em 2012 conquistou 188 votos. A candidata foi descrita pelo presidente do PDT de Bento Gonçalves, Revelino Soares, como alguém que “estava sempre à disposição do partido”.
Conforme o chefe do cartório da 8ª Zona Eleitoral de Bento Gonçalves, Ricardo Abreu, quando um candidato morre durante o período eleitoral cabe ao partido acionar o Tribunal Superior Eleitoral para informar o ocorrido.
— Nesse caso trocamos no sistema a situação da candidata antes de prepararmos as urnas. Normalmente quando é registrado o falecimento do candidato ele não vai para as urnas — detalha.
No caso de Neiva, segundo Abreu, o PDT não teve tempo hábil para apresentar um substituto, deixando a vaga aberta. Se o candidato morto receber votos, eles são anulados. O chefe do cartório acredita que nenhum voto tenha sido direcionado para Neiva, já que a situação dela indicava votação zerada.
Na relação dos resultados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Neiva foi listada como a 13ª suplente do partido, mesmo com zero votos. A informação ficou disponível na plataforma até a tarde da quarta-feira (9), quando foi retirada do ar.
Já no site de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais, Neiva segue listada como suplente. Contudo, ao abrir o perfil da candidata uma tarja sobre a foto dela indica a situação de inaptidão para assumir a função.
Neiva era artista plástica, professora aposentada do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), tinha agens pela Casa das Artes, Museu do Imigrante e por fim, integrou a Associação dos Artistas Plásticos de Bento Gonçalves.
Suplente sem contabilizar votos
Conforme as regras eleitorais, um candidato pode ser eleito suplente mesmo sem contabilizar votos. Isso porque a suplência ocorre toda vez que um partido ou federação elege ao menos um vereador.
Na prática, todos os demais candidatos que concorriam pelo partido ou federação tornam-se suplentes, que são substitutos dos vereadores titulares. A suplência é regida pela ordem de votação, ou seja, suplentes com mais votos são os próximos na lista para assumir uma cadeira na Câmara de Vereadores.
Nessa situação, Neiva figura na lista como 13ª suplente em razão da eleição do colega Lúcio Lanes, único representante do PDT na câmara bento-gonçalvense na próxima legislatura.
Caso semelhante em eleição a prefeito
O chefe do cartório recorda que já houve uma situação parecida em Bento recentemente. Na eleição municipal de 2016, o candidato a prefeito em Bento Gonçalves pelo PT, Roberto Lunelli, morreu durante a campanha. Na ocasião a irmã do candidato, Neilene Lunelli, assumiu o lugar na disputa.
— O partido ficou encarregado de fazer a divulgação da candidata substituta. A foto do Lunelli apareceu nas urnas, mas os votos foram contabilizados para a irmã dele, que foi quem concorreu — relembra o chefe do cartório.