
Após um ano do primeiro registro de surto de covid-19 na China, o Reino Unido entra em um dia histórico nesta terça-feira (8). Isso porque teve início a vacinação dos primeiros britânicos contra a doença que fez o país ser o mais castigado da Europa, com mais de 61 mil mortes confirmadas. O Reino Unido é o primeiro do mundo cujo órgão regulador autorizou o uso da vacina desenvolvida pelo laboratório norte-americano Pfizer e pelo alemão BioNTech.
A vacina será feita de acordo com uma ordem de prioridades, que começa com residentes e trabalhadores dos lares de idosos, profissionais de saúde e maiores de 80 anos. Depois, seguirá pelas faixas etárias regressivas até os maiores de 50 anos.
Para a caxiense Jaqueline Tomiello Cummins, dos 28 anos em que reside no Reino Unido, essa foi a primeira vez que presenciou tanta emoção. A gerente de Serviço Externo de 52 anos que mora na vila Middlewich, no norte da Inglaterra, conta que a vacina está sendo distribuída do norte ao sul da nação com a ajuda do exército inglês e de todos os assistentes de enfermagem, para que seja vacinado o maior número de pessoas possíveis.
— Hoje é um dia em que muita gente chorou. Ver os britânicos mostrando o sentimento, isso ficará na minha mente para sempre. O mundo parou. Todos estão se resguardando e esperando que o homem crie uma cura. Que orgulho que hoje começa a promessa de dias melhores onde nossa liberdade de ir e vir será mais uma vez possível — relata.

Jaqueline estava com voo marcado para o Brasil na próxima sexta-feira (11), em que iria ficar cinco semanas com os familiares, mas precisou cancelar a viagem devido a vacinação. Segundo ela, a população tomará duas doses da vacina, com o intervalo de 21 dias, e o chamamento para a imunização ocorrerá por meio de ligações telefônicas, mensagens ou cartas.
— Minha médica recomendou minha ida ao Brasil somente depois da vacina. Eu sou asmática e também estarei na linha da prioridade. Agora é uma questão de algumas semanas e estaremos na linha de recuperação — diz Jaqueline.
Natural de Flores da Cunha, Jéssica Gaio, de 31 anos, mora em Londres desde 2018. Para ela, a palavra que define o dia 8 de dezembro de 2020 é esperança. A sócia-diretora de uma empresa que presta assessoria turística afirma que apesar de haver pessoas que são contra a vacinação, a grande maioria da população é a favor.
— O movimento favorável à vacina é muito forte, até mesmo porque as pessoas famosas e com influência social têm se posicionado a favor da vacina, tanto que um dos momentos mais esperados é de quando a vacina vai chegar para a realeza. A rainha Elizabeth II, com 94 anos e o príncipe Filipe, de 99, vão receber a dose. Isso deve acontecer nos próximos dias e é um momento muito esperado pela sociedade britânica — comenta Gaio.
Jéssica pontua que o início da imunização da covid-19 faz parte de um dia histórico e ganhou informalmente até o nome de "V-Day", um apelido que se remete ao dia da vitória, anteriormente contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial, e agora como o dia da vacina.
— Como todo mundo, o Reino Unido vem sofrendo desde março com lockdown, fechamento parcial, restrições. Hoje foi um dia que a gente acordou e pensou que vai ser um marco e que daqui para a frente a gente tem esperança cada vez mais. Queremos muito acreditar que hoje é o primeiro dia do fim desse pesadelo chamado covid-19 — comemora, otimista.
De acordo com a florense, ainda não foi divulgado o dia em que será iniciada a vacinação para o segundo grupo, mas acredita que será informado por boletins nos próximos dias. Jéssica diz que alguns especialistas foram a público para informar a população e levar otimismo com os planejamentos.
— Eles informaram que se tudo acontecer da maneira que eles programaram, com as duas fases da vacina aplicadas, nós teremos uma Páscoa com muito mais proximidade social e com muito mais tranquilidade para aproveitarmos a nossa família e nossos entes queridos — descreve.
Por outro lado, o bento-gonçalvense Eduardo Zandavalli Brandelli, 29, aponta que a população ainda não foi informada de quando a vacina estará disponível para o resto dos moradores. Conforme ele, o país está em lockdown novamente, após ter estendido o confinamento que seria até o dia 2 de dezembro.
— Eu estava no Brasil até agora há pouco, então estou fazendo uma quarentena obrigatória de 14 dias, para quem vem de um país . Está todo mundo esperando que dê tudo certo, mas não temos nenhuma previsão — manifesta o morador de Stoke-on-Trent, no interior da Inglaterra.