R$ 13,3 mil como vereador. Ele ocupou o cargo até 12 de novembro, quando foi afastado das funções públicas por ordem judicial, em desdobramento da Operação Capa Dura. Também foi identificado que, do montante creditado na plataforma de apostas, Pablo teria feito o resgate de R$ 287 mil. A suspeita é de que as operações teriam sido utilizadas como meio de lavagem de dinheiro.

Batizada Prefácio, a terceira fase da Operação Capa Dura, desdobramento de investigação da 1ª Delegacia de Combate à Corrupção (1ª Decor), foi deflagrada no dia 12 de novembro de 2024. Bidigaray e Maicon foram presos preventivamente, e seguem presos. Jailson também foi alvo de mandado de prisão, mas saiu de casa pouco depois das 5h, minutos antes da chegada dos policiais. Ele não se apresentou posteriormente e é considerado foragido.

Três pessoas foram afastadas das funções públicas por 180 dias: Pablo, que deixou a Câmara, o ex-vereador Alexandre Bobadra (PL), servidor de carreira da Polícia Penal, e o CC da PGM Mateus Viégas Schonhofen, tesoureiro do MDB de Porto Alegre. Também foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão. As decisões foram emitidas pelo 1º Juizado da 1ª Vara Estadual de Processo de Julgamento dos Crimes de Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro.

As apurações policiais foram iniciadas após reportagens do Grupo de Investigação da RBS (GDI) terem revelado, a partir de junho de 2023, o suposto desperdício de material escolar em depósitos e em escolas. Na sequência, o GDI mostrou o suposto direcionamento de compras da Smed para o grupo econômico representado pelo empresário Jailson. Na Operação Prefácio, a Polícia Civil apura como agentes públicos — supostamente Pablo e Bobadra — teriam intermediado a aproximação de Jailson com a Smed, em uma reunião no gabinete do prefeito Melo em julho de 2021.

As relações entre os investigados e as transações consideradas suspeitas pela Polícia Civil

MAICON CALLEGARO MORAIS

REGINALDO BIDIGARAY

PABLO MELO

MATEUS VIÉGAS SCHONHOFEN

CONTRAPONTOS

O que diz Nereu Giacomolli, advogado de Jailson Ferreira da Silva

Não obtive mais contato com Jailson após o dia em que soube do decreto de sua prisão. Jailson, pelo que sei, após a divulgação de quanto recebeu e de seu patrimônio, sofreu duas tentativas de assalto, devidamente registradas e documentadas. Talvez tenha receio de que algo pior lhe aconteça. Sobre as operações últimas, noticiadas, como não obtive contato com ele, não saberia, no momento, se há alguma justificativa própria.

O que diz Rafael Morgental, advogado de Pablo Melo

Pablo Melo não possui nenhum envolvimento nos fatos apurados. Todas as suspeitas serão esclarecidas no curso da investigação.

O que diz Jader Marques, advogado de Maicon Callegaro Morais:

Não vou me manifestar, tendo em vista que o processo tramita em segredo de justiça.

O que diz Brunno Pires, advogado de Mateus Viégas Schonhofen:

A investigação contra Mateus é infundada e desprovida de qualquer elemento concreto. Se baseia tão somente em ilações, com o objetivo de macular a honra de um servidor honesto que nunca teve contra si qualquer acusação. Existe clara motivação política subjacente nesta investigação, o que restará devidamente esclarecido oportunamente.

O que dizem Jader Santos e Olga Popoviche, advogados de Reginaldo Bidigaray:

Sobre a relação entre Reginaldo Bidigaray e Maicon Callegaro Morais: Reginaldo, no exercício de suas funções públicas e privadas, manteve contato exclusivamente profissional com Maicon. A defesa ressalta que a investigação não apresentou qualquer elemento probatório que comprove uma relação ilícita entre ambos. A tentativa de vinculação de Reginaldo a atos suspeitos é infundada e carece de sustentação factual.

Sobre os recursos supostamente recebidos de Maicon: a defesa desconhece qualquer irregularidade nos recursos mencionados pela investigação. Não há provas de que tais valores tenham origem ilícita ou qualquer vínculo com os fatos investigados. As alegações nesse sentido são meramente especulativas e desprovidas de comprovação.

Sobre o “pardo” supostamente buscado por Reginaldo na residência de Maicon: A menção ao termo “pardo” em mensagens extraídas pela investigação é interpretada de forma subjetiva e carece de clareza quanto ao contexto e ao conteúdo. Não há, nos autos, qualquer evidência de que Reginaldo tivesse ciência de que o referido “pardo” estivesse relacionado a qualquer atividade ilícita. A acusação baseia-se em conjecturas que violam o princípio da presunção de inocência.

Sobre a mensagem enviada por Reginaldo acerca da “encomenda”: A mensagem não possui contexto ou elementos probatórios que vinculem Reginaldo a atos ilícitos. A ausência de identificação do interlocutor e a inexistência de prova concreta tornam inaceitáveis as inferências feitas pela acusação. A defesa reforça que interpretações especulativas de mensagens não podem servir como base para imputações criminais.

Sobre os supostos rees de R$ 15 mil a Pablo Melo: A defesa desconhece qualquer comprovação de que Reginaldo tenha efetuado rees no valor mencionado a Pablo Melo. É imperioso destacar que Reginaldo atuava como chefe de gabinete de Pablo, exercendo atribuições institucionais e legítimas do cargo. Não há qualquer prova de participação de Reginaldo em esquemas de corrupção ou atos ilícitos, e a investigação não foi capaz de apresentar evidências concretas que sustentem tais alegações. Qualquer tentativa de vinculação de nosso cliente a atividades ilegais é desprovida de fundamento probatório.

Sobre a relação entre Reginaldo e Pablo: Reginaldo, enquanto chefe de gabinete, mantinha uma relação exclusivamente funcional e profissional com Pablo Melo. Não há, nos autos, qualquer elemento que comprove um vínculo ilícito ou qualquer conduta irregular por parte de Reginaldo no exercício de suas funções.

A defesa de Reginaldo Bidigaray reafirma seu compromisso com a busca pela verdade e a justiça. Reginaldo é um profissional com histórico ilibado, primário e de bons antecedentes, cuja trajetória não comporta qualquer conduta incompatível com a lei. É fundamental que as investigações sejam conduzidas com responsabilidade, sem pré-julgamentos ou especulações que prejudiquem a imagem e a honra de nosso cliente. Confiamos que, ao final do processo, restará comprovada a inocência de Reginaldo, bem como a ausência de qualquer envolvimento em atos ilícitos. Pedimos à imprensa que respeite os princípios constitucionais da presunção de inocência e da dignidade humana ao abordar o caso.

GZH faz parte do The Trust Project
Saiba Mais

RBS BRAND STUDIO