Do moletom às peças mais soltinhas, os looks confortáveis tomaram conta do guarda-roupa no confinamento. E esse estilo veio para ficar: a tendência é que o comfy dite o que vamos vestir em 2021. Guarde o salto alto e as peças trabalhadas no brilho, pois a aposta é uma reconexão com a natureza – o viés sustentável, os itens feitos à mão e os tons terrosos e neutros prometem vir com tudo quando a temperatura voltar a subir.
Nessa batida, alguns valores se tornarão ainda mais essenciais na hora de escolher qual roupa comprar, como a procedência dos produtos, as bandeiras que aquela marca representa e a preocupação do consumidor em se proteger por meio da tecnologia das peças. Veja o que os especialistas apontam para os caminhos do consumo de moda:
Da tecnologia ao mercado local
O estilista Ronaldo Fraga, um dos principais nomes da moda no país, aponta para um futuro em que o feito à mão e a tecnologia ganham relevância. É um caminho que se desenha na retomada do olhar do consumidor para o mercado local e para a necessidade de se sentir seguro, ressalta o mineiro:
– Estamos vivendo o mundo real, não é um filme de ficção. Então, a realidade vai nortear todas essas tendências, e isso vai ser refletido na pesquisa em tecnologia, nos novos fios, tecidos antibacterianos, antivirais. Mas a alta tecnologia também está lado a lado com o artesanal, aquilo que fala em procedência. Essa palavra, "procedência", vai ser muito utilizada. É aquilo que você sabe quem produziu, de onde veio, e que gerou recursos ou riqueza para determinado grupo.
Os tecidos de proteção estão em evidência, entretanto, a opinião da professora da Unisinos e pesquisadora Paula Visoná é de que a nanotecnologia para desenvolver itens repelentes deve se tornar ível apenas a longo prazo. A expectativa é daqui a cerca de dois anos:
– É uma frente de pesquisa que se acelerou em função da pandemia. E o que se projeta mais para frente são materiais térmicos, peças duradouras e protetivas de fato.
Era das bandeiras
Pós-coronavírus, as marcas serão ainda mais cobradas para expor seus valores. As grifes não venderão apenas uma roupa, mas, sim, uma ideia. Apresentar a visão de quem está por trás das coleções vai se tornar uma exigência, e a expectativa é de que temas como sustentabilidade, diversidade, inclusão e colaboração estejam entre as principais bandeiras levantadas pelos estilistas. Para a colunista Roberta Weber, esse panorama foi impulsionado com a pandemia, embora venha na esteira de um movimento mundial anterior.
– Já era latente e urgente e foi impulsionado pela Geração Z. É o resultado de uma geração que retomou o ativismo pela internet, cobra as marcas todos os dias pelas redes sociais – explica a stylist e consultora de moda e tendências. – O que usamos é autoexpressão. Estamos mais conectados na pandemia, vivemos uma onda conservadora e também tiveram as mobilizações contra o racismo em razão do caso George Floyd nos Estados Unidos. A moda pode refletir a realidade ou nossos desejos, mas, no fim das contas, sempre é um reflexo – conclui.