
Colocando fim a um hiato de cinco anos, Fernanda Rodrigues está de volta à TV e comemora a 20ª novela da carreira, Fuzuê (2023). A personagem que marca o retorno é Alicia de Braga e Silva, figura fanática por redes sociais que não poderia ser mais diferente da atriz de 43 anos — o que está se mostrando um desafio e um divertimento, garante a carioca em conversa ao telefone com Donna.
Da personalidade à forma de se vestir, Fernanda é discreta. A atriz gosta de manter o seu mundinho particular o mais privado possível, é fã de ioga e meditação e curte fazer pequenas fugas para o meio do mato junto do marido, o diretor e ator Raoni Carneiro, e dos filhos Luísa, 13 anos, e Bento, sete.
Manter a discrição talvez seja uma estratégia de resguardo já que a vida profissional coloca Fernanda sob holofotes desde a infância. Ela começou a atuar aos três anos, aparecendo em comerciais e videoclipes. A estreia em novelas veio aos 10 anos, com a superdotada Isa, de Vamp (1991). Este primeiro papel, relembra a artista, tem um lugar especial no coração dela, junto de Bia, de A Viagem (1994), e de Luísa, personagem da primeira temporada de Malhação (1995), em que atuou por três anos. Em 2018, o último papel antes da pausa foi a vilã Fabiana, de O Outro Lado do Paraíso.
Além de ser um rosto conhecido nas tramas da Globo, Fernanda também marca presença na internet com conteúdos sobre maternidade, já que este é um dos temas que movimenta o dia a dia da carioca há mais de uma década. Quando deu à luz sua primeira filha, ela entendeu que faltava trocas de informações entre mães pela internet. A saída foi criar um blog para compartilhar o que estava descobrindo.
— Não fui atrás de falar sobre o universo maternidade, mas ele me chamou. Quando estava no puerpério, eu queria falar sobre as dificuldades desse período, das mudanças hormonais que ocorrem no corpo, mas ninguém falava abertamente sobre isso, havia pouca troca. Acredito que fui uma das mulheres que ajudou a abrir esse caminho. Hoje temos podcasts, entrevistas, livros sobre maternidade e fico muito feliz com tudo que é dito — reflete Fernanda.
Mais de uma década depois, o blog Cheguei ao Mundo continua, com a colaboração de outras mães, obstetras e nutricionistas. As principais postagens foram compiladas no livro Meu Jeito de Ser Mãe (2018). Fernanda ainda comandou durante seis anos e oito temporadas o programa do GNT Fazendo a Festa, com ideias para planejar aniversários de criança.
— Ficamos no ar por vários anos, uma coisa muito incrível para um programa de canal fechado. Também foi bom para mim porque meus filhos eram pequenos e eu podia levá-los para as gravações. Quando o Bento nasceu e eu voltei da licença maternidade, ele ia comigo e eu o amamentava lá — relembra.
Está nos planos futuros produzir conteúdos sobre ser mãe de adolescente no perfil do Instagram @comoseraofuturo. No presente, boa parte do tempo de Fernanda está focado numa fazenda de café. Na pandemia, ela e o marido uniram-se a alguns amigos e compraram uma propriedade em Paty do Alferes, interior do Rio de Janeiro. É lá que a família tem ado os fins de semana, cultivando café ao mesmo tempo em que planta mudas para a recuperação da mata atlântica, proposta conhecida como agrofloresta. A primeira safra foi colhida em 2021.
— Esta é a fase em que mais estou conseguindo viver plena no agora, sem ficar pensando no que virá depois, e está sendo maravilhoso. O maior benefício é sentir menos ansiedade pelo que vem por aí e aproveitar melhor o que a gente está vivendo nesse momento — afirma.
Qual é a sensação de fazer sua 20ª novela?
É um privilégio fazer uma coisa tão bacana nessa altura da carreira, uma personagem como a Alícia que é em tom de comédia, tão diferente das outras que fiz. Eu não sou comediante, sou uma atriz que pode fazer comédia, então é legal esse desafio.
“A adolescência dos filhos é uma fase de cansaço mental para as mães”
FERNANDA RODRIGUES
Atriz e empreendedora
Você se define como discreta, mas tem mais de 2 milhões de seguidores nas redes. Como conduz essa interação?
Tenho muita dificuldade de contar a minha vida para esse aparelhinho celular, então o que eu faço ali é manter uma conexão com as pessoas que curtem o meu trabalho, divulgo meus projetos. E quem está ali se interessa não só pela minha carreira de atriz, mas também pelos meus conteúdos sobre maternidade e sobre ser uma mulher multifacetada, que faz um monte de coisas.
Você fala de maternidade há algum tempo e, no momento, é também mãe de adolescente. Como é essa experiência?
É um assunto que está nos meus planos. Quando a rotina da novela acalmar, quero focar nesse conteúdo porque entendo que ainda falamos muito pouco sobre esse lugar da maternidade de filhos adolescentes, dos conflitos desse momento. Diferentemente de como é com bebês e crianças pequenas, quando o cansaço é mais fisicamente, a adolescência dos filhos é uma fase de cansaço mais mental para as mães, por conta das trocas, da paciência, por ter de falar muitas vezes a mesma coisa e precisar ter empatia para se colocar no lugar daquele adolescente, que muitas vezes está com vários conflitos e não tem a habilidade de dividir. É muito difícil para uma mãe se encontrar neste outro lugar.
Você foi feliz como atriz mirim?
Um conhecido na família tinha uma produtora que fazia clipes e Lindo Lago do Amor, de Gonzaguinha, foi o primeiro trabalho que fiz e já comecei a tomar muito gosto por aquilo. Mais tarde, fiz um teste e fui chamada para fazer Vamp e eu achava uma grande diversão estar naquele universo mágico das novelas, ainda mais fazendo uma de vampiros, mega lúdica. Não tive nenhum problema de começar criança, ser atriz mirim, havia muitos cuidados. Estava o tempo inteiro me divertindo, mas ao mesmo tempo, tinha uma responsabilidade grande de trabalho, minha família sempre fez questão que eu entendesse que deveria levar a sério.
O hiato de novelas foi de caso pensado?
Não foi e não fiquei parada, fiz coisa à beça nesse tempo, três filmes, programa de TV, só dei um tempinho das novelas. E teve a pandemia no meio do caminho, né">Reclamação gerou demissão