Jake, porém, descobre que do orfanato restam apenas ruínas. O local foi destruído em 1943 por um bombardeio alemão na II Guerra. Vasculhando entulhos, encontra essas figuras por meio de um fenda temporal, agem que lhe é permitida porque também ele é de uma linhagem especial de superdotados. E lá no ado Jake se vê hospedado pela afetuosa e rigorosa diretora do abrigo, a senhorita Peregrine (Eva Green), que manipula o tempo e é capaz de se transformar em pássaro. A missão de Jake será ajudar Peregrine a enfrentar o diabólico Barron (Samuel L. Jackson, no registro histriônico recorrente) e seu exército de criaturas medonhas, que precisam devorar olhos de gente para recuperar a condição humana.
Esse universo fantástico habitado por pessoas fora dos padrões é a praia de Burton, mestre em apresentar personagens socialmente deslocados como as crianças da senhorita Peregrine em fábulas sombrias com um requinte visual de cair o queixo. Mas Burton aqui pouco lembra o diretor de joias como Fantasmas se divertem (1988), Edward mãos de tesoura (1990), Peixe grande e suas histórias maravilhosas (2003) e A noiva cadáver (2005), filmes com enredos que aparecem diluídos em Lar para crianças peculiares. Nenhum problema em reciclar o já visto a partir de ideias suas ou de outros, pois está aí Quentin Tarantino para mostrar ao colega que é sempre possível ser original fazendo mais do mesmo. Lar para crianças peculiares é protocolar em suas ambições, talvez um pouco assustador para os pequenos e um tanto sem surpresas para os mais crescidos. E desta vez nem dá para dizer que o problema de Burton é Johnny Depp atuando no piloto automático.