Mesmo sabendo das dificuldades, Marcos se sente motivado a seguir envolvido com a escola. No ano ado, foi presidente do grêmio estudantil e pretende candidatar-se novamente. No futuro, sonha em lecionar na Emílio Massot.
– Vou focar nos estudos para ir para uma universidade pública. Teve um tempo em que eu perdi a esperança (de melhoria na educação). Mas eu aprendi muita coisa no ano ado, mudou meu jeito de pensar – complementa o colega Douglas da Silva Silveira, 17 anos, do terceiro ano.
A Seduc informa que os rees não ocorreram no prazo, como nas demais escolas do Estado, em função de atraso na prestação de contas, que é feita pelo próprio estabelecimento de ensino. A escola, porém, teria recebido a totalidade dos rees ainda em fevereiro.
Araguaia: alunos mais críticos
Os 800 alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Araguaia, no Bairro Aberta dos Morros, na Capital, vão encontrar novidades no retorno às aulas. As salas foram pintadas de amarelo vibrante _ com recursos da escola e doações de pais _ e aram a ser salas ambiente, uma para cada disciplina. A quadra poliesportiva, porém, continua a mesma: piso de cimento e brita, sem cobertura, muito distante do espaço com o qual os estudantes que participaram da ocupação da escola no ano ado sonhavam.
– Eu espero que as condições melhorem, porque ano ado estava precário _ disse Lorran Fernandes, 16 anos, aluno do oitavo ano, lembrando, por exemplo.
Em 2016, Lorran era vice-presidente do grêmio estudantil e fez parte do grupo de alunos que decidiu participar do movimento, como Paulo Roberto Costa, 16 anos, que já concluiu o ensino fundamental, Lucas da Silva Paranhos, 16 anos, do oitavo ano, e Diógenes Fagundes Bernardes, 16 anos, do oitavo ano.
Na época, o fato de os protagonistas serem estudantes do ensino fundamental surpreendeu a diretora Márcia Chiaramonte Pahim _ e também foi motivo de orgulho. Eles não chegaram a pernoitar no local, apenas cumpriam jornadas de 12 horas em atividades como faxina nas salas, oficinas e aulas de filosofia.
– Eles conheceram a realidade da escola, a dificuldade de verba. Os alunos ficaram mais politizados, ficaram mais críticos e entenderam que é preciso batalhar – comentou Márcia.
A dificuldade de verba a que a diretora se refere era o atraso no ree da autonomia financeira. Atualmente, os pagamentos estão regularizados e o quadro de professores completo. Para Lorran, a melhoria na estrutura da escola é algo que virá com o tempo. O ano ano letivo vai começar diferente para os alunos da Araguaia depois da experiência vivida na ocupação:
– amos a ver os professores como trabalhadores, como pessoas, como amigos. Durante a ocupação, tivemos o entrosamento com os professores, mas mantivemos a nossa autonomia – explicou Lorran.
Fórum foi criado após ocupações
Durante as ocupações, o governo do Estado criou o Fórum Farol do Futuro com o objetivo de discutir as reivindicações das comunidades escolares e os temas gerais da Educação. As reuniões aram a ocorrer com estudantes secundaristas, instituições e sociedade civil. Com isso, somente no mês de julho, foram depositados R$ 40,8 milhões de uma só vez na conta de 353 estabelecimentos de ensino. O recurso foi destinado para reformas e obras definidas como prioridades pelas comunidades escolares.
A expectativa é realizar a próxima reunião no início do mês de abril para discutir a construção do novo currículo do Ensino Médio e apresentar um relato das obras escolares.